O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que o PSDB deveria fechar questão a favor da reforma da Previdência, contrariando decisão tomada pela Executiva Nacional do partido no início da semana. Quando um partido fecha questão sobre determinada matéria, os parlamentares da bancada têm de seguir a decisão ou podem ser punidos.
“Eu fecharia (questão)”, disse Fernando Henrique, ao participar do 10.º Encontro de Líderes, realizado na Casa Fasano, na zona sul de São Paulo, que reuniu diversas lideranças políticas e empresariais do País. “A Previdência é uma questão fundamental. Você não pode normalizar as finanças públicas sem avançar na Previdência. Não há recursos para continuar do jeito que está.”
Segundo ele, o fato de o governo ter suprimido diversos dispositivos previstos no projeto original da última versão do texto enviada ao Congresso Nacional não diminui a importância da reforma. “É preciso dar passos, mesmo que não seja um grande passo”, afirmou. “A reforma está sendo burilada. O foco correto, eu sempre disse isso, é redução de privilégios. Mas a reforma da Previdência tem de ser feita.”
Visitas. Em sua primeira visita de uma série de viagens que promete fazer pelo País para vistoriar obras que serão retomadas no programa Avançar, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, disse ontem, no Rio Grande do Sul, que o governo acredita que conseguirá sensibilizar os parlamentares para aprovar a reforma da Previdência ainda este ano. “Acreditamos que vamos ter (os 308 votos), porque acreditamos no espírito público do poder legislativo”, disse.
Moreira disse que as contas públicas não suportam o sistema atuarial que caracteriza a previdência no Brasil e citou como exemplo o Rio de Janeiro, seu reduto eleitoral: “O Rio de Janeiro tem com muita frequência atrasado aposentadorias, pensões, salários em função de uma pressão intolerável do sistema previdenciário que já não atende à necessidade atual. Por isso a prioridade nossa é essa.”
Ao ser questionado se o governo pode fazer mais ajustes e mudanças no texto, conforme pressão de parlamentares, o ministro não descartou alterações e disse que o governo está dialogando para que se chegue a uma alternativa que não deixe mais o sistema previdenciário da União “meia sola”.
O ministro disse que não é o momento de se trabalhar com a hipótese de adiamento da reforma, já que em 2018, por ser ano eleitoral. Reforçando a estratégia do governo de dividir a responsabilidade da reforma com o Congresso, Moreira repetiu que a expectativa é que “os deputados e senadores saberão votar em benefício do País”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.