O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) informou que quatro temores de terra foram registrados nesta quinta-feira, 5, em Minas Gerais, próximo a Mariana, onde ocorreu o rompimento da barragem da Samarco: às 16h12, 16h13, 17h56 e 17h59. Em nota, o Centro informou que as magnitudes dos abalos são consideradas pequenas, entre 2 e 2,6, e que ainda não é possível estabelecer uma relação entre os sismos e o acidente. O primeiro dos sismos teve um epicentro registrado no município mineiro de Catas Altas, distante 60 quilômetros de Mariana. O segundo e terceiro tremores foram registrados em Ouro Preto, a 22 quilômetros da cidade do acidente. O último foi registrado em Barão de Cocais, a 80 quilômetros de distância.
De acordo com Jackson Calhau, analista do Centro de Sismologia USP, os abalos “teoricamente” não teriam força para provocar o rompimento da barragem, mas não é possível eliminar a possibilidade. “É preciso que sejam feitas perícias no local para indicar se foram os tremores que provocaram isso.” Ainda segundo Calhau, pessoas que estavam próximas à mineradora procuraram o centro para relatar que sentiram os tremores. “Tremores dessa escala (com magnitude de 2 a 2,6) acontecem praticamente todos os dias em São Paulo e nem sempre são sentidos, mas podem ser perceptíveis dependendo do local do epicentro.” O Centro informou que está realizando mais estudos para identificar a extensão dos tremores.
O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, responsável pela área de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual (MPE), informou que uma escola com aproximadamente 45 crianças em Bento Rodrigues foi evacuada cerca de 15 minutos antes de os dejetos da barragem da mineradora Samarco atingir o distrito. Segundo ele, a retirada das crianças foi feita pelos próprios professores. A barragem rompeu perto das 16h de ontem, cobrindo de lama praticamente toda a localidade, de 600 habitantes.
O MPE de Minas Gerais está preocupado com a captação de água para consumo humano nos distritos e cidades próximos. Com a descida dos rejeitos, já é possível visualizar lama no Rio Doce, nas proximidades da cidade de mesmo nome, a cerca de 100 quilômetros de Mariana. A cidade de Barra Longa, a 60 quilômetros do local do desastre, teve ruas inundadas pelos dejetos. “Nesse momento, é preciso focar na garantia de água para a população dos locais atingidos”, disse o promotor Ferreira Pinto, que se reuniu hoje com o governador Fernando Pimentel e o ministro da Integração Nacional, Gilberto Magalhães Occhi.
A Agência Nacional de Águas (ANA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) acompanham a situação da região atingida pelo rompimento das duas barreiras, em Mariana. A Força Nacional de Saúde, integrada por servidores destacados pelo Ministério da Saúde, também foi colocada em prontidão. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, telefonou no fim da manhã de hoje para o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), oferecendo auxílio.