Cidades

Regiões do Brasil” é tema do encerramento de semestre letivo em Penitenciária de Guarulhos

Dando continuidade a uma ação já tradicional na Penitenciária I “José Parada Neto” de Guarulhos, o encerramento do semestre letivo de 2021 contou com a exposição de trabalhos sobre o tema “Regiões do Brasil”, desenvolvidos por reclusos dos regimes fechado e semiaberto. O estabelecimento penal é subordinado à Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro), da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

A abertura do evento teve trilha sonora de uma banda composta por nove reeducandos, existente na unidade há cerca de dois anos, e um coral formado por 48 homens, formado há pouco mais de um mês. Ao som de “Dias Melhores” do Jota Quest e “Minha Vida é Andar por Esse País” de Gonzaga e Gonzaguinha, os alunos selaram mais um ciclo de estudos e entoaram a esperança a partir dos versos das canções.

Brevemente, durante a cerimônia, o diretor geral da penitenciária, André Luiz Alves, agradeceu o apoio da sua equipe funcional durante 2021 e ressaltou que tais ações buscam atender às demandas de trabalho e educação dos custodiados.

O Diretor do Grupo Regional de Trabalho e Educação da Coremetro, Cláudio Nachibal Junior, destacou a importância dos estudos nesse momento em que os reclusos estão cumprindo pena, para que não se esqueçam das oportunidades possíveis quando estiverem em liberdade.

Retorno às aulas presenciais

O ensino formal na unidade prisional é desenvolvido a partir da vinculadora Escola Estadual Francisco Antunes Filho, de Guarulhos, com um total de 12 turmas na penitenciária, entre os Ensinos Fundamental I, II e Ensino Médio. Para Julio Cesar de Moura, diretor da escola vinculadora, a ação marca a volta das aulas presenciais após um período de educação remota, via roteiros de estudo, estabelecida em razão da pandemia de Covid-19. “Em três meses de aulas em sala os estudantes desenvolveram, junto aos professores, o projeto apresentado”, ressaltou o diretor.

Fazendo uso de materiais simples, com muita criatividade e apoio dos mestres, os alunos aplicaram conhecimentos matemáticos para o desenvolvimento de maquetes, de história e geografia para contextualizar os ambientes. As disciplinas de artes, ciências e língua portuguesa são vistas nas representações de cordel e nos detalhes das figuras que representam a cultura brasileira.

Lisonjeado por fazer parte do projeto, o professor de matemática Ronaldo Diaz reforça: “Tudo foram eles que fizeram, não colocamos a mão em nada. Os estudantes são participativos, dão opiniões. Aqui eu sou professor e eles são alunos, sem distinção de crimes ou artigos”.

Foco nos estudos

O reeducando A.T.R., estudante do Ensino Fundamental II, foi um dos responsáveis por levantar a maquete do Teatro Amazonas. Ele, que já conhecia presencialmente o ponto turístico localizado em Manaus, se atentou aos detalhes da construção histórica. “Foram três dias trabalhando nessa maquete, nunca tinha feito um trabalho parecido”, comentou o recluso sobre o desenvolvimento. Ainda sobre o Teatro, A.T.R. disse que “além de sua estrutura, a coisa mais bonita desse prédio é o lustre de cristal que tem lá dentro”.

Para o Gerente de Educação e Cultura da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap), André Vinicius Garcia, que esteve prestigiando o evento, a educação é o melhor caminho para a ressocialização. “Ver a exposição dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos privados de liberdade nas salas de aula confirma que estamos no caminho certo e que o investimento em educação nas prisões traz resultados efetivos.”

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