Europeus do continente não terão mais prioridade para entrar no Reino Unido após a concretização do Brexit, o divórcio da União Europeia. A diretriz faz parte da nova política imigratória anunciada nesta terça-feira, 2, pela primeira-ministra britânica, Theresa May, na conferência anual do Partido Conservador. Pelo plano, a livre circulação de cidadãos do continente acabará após a saída de Londres do Espaço Schengen.
Nesta terça, May anunciou que os europeus serão tratados como qualquer outro imigrante antes mesmo do fim das negociações entre Reino Unido e UE. Hoje, os cidadãos europeus não enfrentam barreiras se quiserem viver e trabalhar no país. Essa situação permanecerá inalterada entre abril de 2019 e dezembro de 2020. Ao final do prazo de carência estabelecido entre Londres e Bruxelas, a nova legislação passará a ser aplicada. O objetivo do fim da área da livre circulação é “reduzir a imigração de pessoas pouco qualificadas”, um dos focos de insatisfação da opinião pública britânica e um dos fatores decisivos no referendo de junho de 2016.
“Quando deixarmos a UE, adotaremos um sistema de imigração que colocará fim, de uma vez por todas, à livre circulação”, informou o governo nesta terça em nota oficial. “Será um sistema com base na competência dos trabalhadores, não em suas origens. Esse novo sistema permitirá reduzir a imigração de pessoas pouco qualificadas.”
O principal critério de seleção será, se o plano for aprovado, a capacidade financeira para viver no Reino Unido sem necessitar ocupar postos de trabalho que poderiam ser pretendidos pelos trabalhadores britânicos. Segundo o governo, uma vez adotado, “o sistema colocará o Reino Unido no caminho da imigração reduzida a níveis estáveis, como prometido”. Em seu programa de governo, May havia prometido reduzir o “saldo migratório” – a diferença entre chegadas e partidas – a menos de 100 mil pessoas por ano, frente a 273 mil em 2016.
O plano pretende reduzir a pressão da ala eurocética e ultraconservadora de seu partido, liderada pelo ex-ministro das Relações Exteriores Boris Johnson. Mas, ao endurecer o discurso sobre imigração e propor o fim de um dos quatro pilares da UE, a premiê criou um novo atrito com Bruxelas.
Impasse
Para o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o Reino Unido não poderá escolher fazer parte do mercado de livre- comércio se não aceitar a livre circulação de pessoas.
Juncker deu a entender que a cúpula de outubro da UE poderá ser decisiva para as negociações e o bloco vai se esforçar por um entendimento com Londres, apesar das dificuldades crescentes. Na prática, a decisão de May dá mais um indício de que as negociações do Brexit caminham para o agravamento do impasse atual. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.