A reitoria da USP reconhece que o congelamento das contratações de professores é o principal problema causado pela crise financeira. Não acredita, porém, que houve impactos fortes nas atividades acadêmicas.
Para suprir demandas pontuais, explicou a administração, são contratados professores temporários. No ano passado, foram 41 docentes nessa condição. Em 2015, até agora, são 29. Os números, porém, são inferiores aos de outros anos. Em 2013, haviam sido 85 temporários. Já em 2012, foram 149.
Também é feito remanejamento de docentes entre unidades. Outra aposta é um convênio com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), para trazer 60 professores estrangeiros. Esses docentes receberão, por três anos, bolsas custeadas pelo governo federal.
A USP também fará, nos próximos meses, um diagnóstico das áreas com maior déficit. A reitoria não comentou os problemas específicos levantados pela reportagem.
Desafios
O reitor Marco Antonio Zago afirmou ao Estado que o ensino, a pesquisa e a extensão são prioridades da gestão. “Um ano (sem contratar professores), um ano e meio, nós passamos bem. Agora temos de começar a tomar providências”, afirmou.
Segundo a reitoria, custa R$ 152 mil por ano trazer cada novo docente. Como a USP gasta hoje 100% de suas receitas com salários de professores e funcionários, faltam verbas para novos concursos.
Questionado se a crise prejudicou as atividades acadêmicas, Zago nega. “Mas trouxe um resultado relativamente benéfico. Obrigou a nos reorganizar, a olhar se havia uma maneira mais econômica de fazer as coisas e a cortar gastos exagerados”, defendeu.
Para Cesar Minto, diretor da Associação de Docentes da USP, as medidas anticrise “certamente afetam a qualidade”. Outro problema, de acordo com ele, é a sobrecarga de trabalho dos professores. “E, se aumentamos a carga didática, prejudicamos o equilíbrio com a pesquisa e a extensão.” As informações são do jornal o Estado de S. Paulo.