O Banco Central ajustou nesta quarta-feira, 23, suas projeções para a inflação deste e do próximo ano, além de ter apresentado a primeira estimativa para 2017. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o IPCA de 2015 ficará em 10,8%, e não mais em 9,5% como constava do documento de setembro pelo cenário de referência. Pelo cenário de mercado, a taxa projetada também passou de 9,5% para 10,8%.
Para 2016, o BC já informou que conta com um processo de grande desinflação. Para o primeiro trimestre do ano, o IPCA deve ter alta de 9,2%, segundo o RTI. No segundo, a taxa projetada pelo BC é de 8,1% e, no terceiro, de 7,5%. Assim, no fechamento do ano, a inflação estará em 6,2% pela estimativa apresentada hoje – a anterior era de 5,3%. Todos estes dados são do cenário de referência.
No cenário de mercado, a expectativa do BC é que o IPCA fique em 9,2% ao final do primeiro trimestre de 2016, passe para 8,2% no segundo e atinja 7,6% no terceiro, encerrando 2016 em 6,3% – no RTI anterior, a estimativa de fim de ano era de 5,4%. Com estas projeções, o BC já consegue mostrar para o mercado financeiro sua teoria de que a inflação ficará entre 4,5% (centro da meta) e 6,5% (teto da meta), como tem reforçado por meio de discursos.
Administrados
Os grandes vilões da inflação de 2015 continuarão a apresentar altas, ainda que em proporção bem menor, nos dois próximos anos, de acordo com o RTI. Pelo documento, o BC revisou de 15,4% para 18,2% a elevação dos preços administrados este ano.
Para 2016, a taxa prevista pela instituição mudou de 5,7% para 5,9%. Pela primeira vez, o BC apresentou sua estimativa para esse conjunto de itens em 2017, quando deve ficar em 5,0%.
Para realizar as revisões para os preços administrados deste ano, o BC levou em consideração as hipóteses, para o acumulado de 2015, de variação de 20,7% nos preços da gasolina ante 17,6% da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada em 3 de dezembro.
No caso da energia elétrica, essa projeção considera como hipótese, também para o acumulado de 2015, um aumento de 51,6% ante 52,3% da ata passada. O Banco Central não divulgou as hipóteses do preço do botijão de gás.
O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que essa decomposição dos preços administrados divulgados regularmente pelo BC deixará de constar dos documentos porque a avaliação é a de que se tratam de números já conhecidos pelo mercado.
Serviços
O relatório trouxe também uma previsão de redução de inflação de serviços a partir do 1º trimestre de 2016. Segundo o documento, a existência de defasagens explica parte da persistência que vem sendo observada neste segmento, uma vez que a queda recente do hiato do produto e do rendimento real ainda não tiveram impactos significativos.
O texto sugere ainda que outros fatores influenciam a inflação de serviços diretamente, como expectativas, ou indiretamente, por meio do repasse de aumentos de preços de outros grupos do IPCA.
Segundo o texto, a inflação de serviços tem se situado em níveis superiores ao da inflação medida pelo IPCA desde 2005, apesar de apresentar certo recuo em períodos recentes.