Um dos nomes que mais revolucionaram a arquitetura mundial é o do franco-suíço Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido como Le Corbusier. Suas ideias modernistas, atreladas à filosofia, mudaram a forma de se pensar a arquitetura e influenciaram toda uma geração no mundo inteiro. Com o objetivo de trazer uma boa parte de seus pensamentos para os dias atuais, o Museu da Casa Brasileira promove a exposição Experimentando Le Corbusier – Interpretações Contemporâneas do Modernismo, que já está aberta ao público em São Paulo.
A mostra conta com projetos de artistas, arquitetos e designers, que foram convidados a repensar as ideias propostas por Le Corbusier. Os resultados foram heterogêneos, desde o tipo de obra preparado ao viés dado ao pensamento do arquiteto francês. “Essa ideia do experimento vem de sair do perímetro da arquitetura para pensar Le Corbusier também em outras áreas, como a filosofia, o design e as artes visuais”, explica o francês Pierre Colnet, do Instituto Cremme, que fez a curadoria da exposição ao lado de Hadrien Lelong.
A ideia do projeto começou alguns anos atrás e veio do próprio Pierre, que mora no Brasil há oito anos, durante uma viagem a sua cidade natal, Estrasburgo, na França. “Há uma tríplice janela de experiência”, ele acredita. “Primeiro, a experiência do próprio Le Corbusier em vida. Segundo, a forma de revisar o seu pensamento, com os artistas convidados; terceiro, a nossa própria experiência, para que a ideia não fique no museu e influencie a rotina das pessoas.”
Colnet quer que a exposição seja itinerante, visitando outras cidades do País e, quem sabe, do mundo. Segundo ele, amigos franceses ficaram curiosos com a nossa percepção sobre as ideias de Le Corbusier. Por isso, o curador procurou escritórios de arquitetura não só de São Paulo, como algumas outras cidades do Brasil, como Curitiba e Brasília. A capital federal, inclusive, é lembrada na mostra por sua construção, idealizada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer, influenciados por projetos do franco-suíço como a Ville Radieuse.
Crítica
Le Corbusier foi extremamente importante para a arquitetura por mudar a forma de usar o cimento e por ter uma ideia democratizadora das construções. Colnet compara a quebra de preconceitos gerada por ele, em sua época, com o martelo de Nietzsche.
O espaço aberto aos artistas para revisitar a obra de Le Corbusier, porém, abre também espaço para críticas. Um dos convidados, Lucas Simões, artista que é arquiteto de formação, questiona, em sua obra, White Lies, o movimento moderno. Colunas de concreto são construídas em bases que não são sólidas, como folhas de papel em branco. “A proposta da arquitetura moderna é quase sempre heteronormativa e de homens brancos. Uma utopia criada com base em seus modos de vida. É importante retomar o tema atualizando suas ideias, que são cruas demais para a realidade de hoje.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.