O Comitê de Ética da Fifa anunciou nesta quinta-feira que doará a uma ONG 48 relógios de luxo que a CBF deu de presente para executivos do futebol mundial às vésperas da Copa do Mundo do ano passado. Os relógios, fabricadas por uma das patrocinadoras da entidade brasileira, causou polêmica antes do Mundial e quase gerou uma punição aos dirigentes nacionais.
“O Comitê de Ética vai doar 48 relógios à ONG global streetfootballworld. A câmara investigatória do Comitê decidiu mais cedo que a decisão sobre os relógios caberia ao Comitê porque eles foram presentes não autorizados, segundo o Código de Ética da Fifa”, anunciou a entidade.
Ao todo, a CBF presenteou 65 executivos do futebol, entre membros do Comitê Executivo da Fifa e presidentes de federações nacionais, antes do início do Congresso da Fifa, que costuma preceder a Copa do Mundo. A entidade brasileira deixou os relógios em sacolas nos quartos dos dirigentes no hotel em que estava hospedados. Vários desses cartolas alegaram que nem sequer olharam o que havia dentro das sacolas e, por isso, não denunciaram o fato.
A Fifa decidiu investigar o caso e afirmou que a CBF “não deveria ter oferecido os relógios”. A entidade lembrou que, de acordo com suas regras, dirigentes não podem receber presentes, salvo os que tenham apenas um valor simbólico. Os relógios, da marca Parmigiani, uma das patrocinadoras da CBF, foram avaliados em R$ 5 milhões. A confederação alega ter desembolsado R$ 1,3 milhão por eles.
Após abrir processo para investigar o caso, a Fifa decidiu não punir a CBF. Mas exigiu que a entidade brasileira recuperasse os relógios e doasse o valor correspondente a instituições de caridade no Brasil. Um ano depois, os valores não chegaram a ONGs, como definiu a Fifa.
Nesta quinta, então, o Comitê de Ética tomou uma decisão sobre os relógios. Mas ressaltou que somente 48 dos 65 relógios foram recuperados. De acordo com o órgão, vários executivos alegaram que não receberam o “presente”.
Aqueles que foram recuperados serão direcionados à ONG streetfootballworld, que deverá vender os relógios e utilizar o valor arrecadado para ajudar “iniciativas do Brasil que utilizem o futebol como ferramenta de mudança social”, informou o Comitê de Ética da Fifa, em comunicado.