Opinião

Remédio amargo que não resolve

Quando a equipe econômica não consegue dar solução para um problema, aumente a taxa de juros. Essa velha receita que volta a se repetir no Brasil atrapalha os setores produtivos e implica diretamente na geração de empregos. Nesta semana, a taxa básica de juros (Selic) subiu mais uma vez, agora para 12,5% ao ano. Aliás, essa é a única política que a atual equipe econômica parece conhecer para conter a pressão inflacionária. Dá até a impressão de que o governo perdeu as rédeas da economia, afinal os gastos públicos superam – em muito – a arrecadação, já considerada absurda, tamanha é a carga tributária que incide sobre as empresas e cidadãos.


Esta foi quinta alta consecutiva dos juros, o Brasil segue na liderança dos países com o maior juro real do mundo (projeção que desconta a inflação), com 6,8%. Esse aumento, que acaba implicando diretamente na vida das pessoas, ocorre em um momento que o incentivo exagerado ao crédito contribuiu para o endividamento da população. Com as taxas de juros em alta, o brasileiro acabou refém das dívidas.


Os juros, no fim do ano passado, estavam em 10,75% ao ano. A escalada de aumentos, com a nova administração federal, culminou em um avanço 1,75 ponto percentual em seis meses. Houvesse um maior controle dos gastos públicos, não seria necessário penalizar a população. Lamentavelmente, a tendência é a situação piorar ainda mais, com a enxurrada de investimentos que serão necessários para tentar dar ao país condições para receber a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, eventos para os quais o Brasil não está preparado.


As concessões indiscriminadas de incentivos fiscais para a construção do estádio do Corinthians, em São Paulo, é um exemplo disso. O poder rpúblico, nas três esferas (federal, estadual e municipal), abiu as torneiras a fim de beneficiar um negócio, que deveria ser bancado única e exclusivamente pela iniciativa privada. No final, quem paga a conta é a população, seja com maior carga tributário ou – como agora – com o pagamento de juros abusivos.


A solução para a estabilidade da economia não passa, necessariamente, por apertos monetários, mas por uma política fiscal. Para tanto, seria fundamental a redução de gastos e o equilíbrio das contas públicas, temas que passam longe da atual adminsitração.

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