Estadão

Renan Dal Zotto apoio de Bernardinho e Zé Roberto na seleção após queda em Tóquio

A semifinal olímpica do vôlei masculino nos Jogos de Tóquio, em 2021, marcou o Brasil. Após abrir uma vantagem de 20 a 12 no terceiro set, os brasileiros tomaram a virada e acabaram perdendo para a Rússia. Para Renan Dal Zotto, treinador da seleção brasileira, o acontecimento marcou muito o grupo, mas dois telefonemas o fizeram entender que era necessário seguir no posto.

"A gente ficou muito marcado por causa do set da Rússia em que estávamos ganhando e tomamos a virada, mas era um set apenas e ficaria 2 a 1 para nós, o que não garantia a vitória. Já vimos inúmeras vezes viradas após o 2 a 1. Fiquei muito aliviado quando o José Roberto Guimarães e o Bernardinho me ligaram, após o acontecimento em Tóquio, para falar que esse tipo de derrota já tinha acontecido com eles dentro da Olimpíada e infelizmente ela acontece", afirmou Dal Zotto.

"Dois ícones do esporte e duas inspirações para mim já passaram pelo que passei no Japão. Aconteceu, mérito deles que venceram e triste por não ter tido talvez a condição para buscar a medalha de bronze. Mas vejo que foi um aprendizado para todos os envolvidos para seguir o trabalho", acrescentou o treinador.

O contato de Renan com José Roberto Guimarães não aconteceu somente após o quarto lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio. De acordo com o atual técnico da seleção brasileira de vôlei masculino, foi uma conversa com o tricampeão olímpico que o fez aceitar o cargo em 2017.

"Eu já comentei isso com o José Roberto Guimarães, foi ele que me fez aceitar o convite da Confederação Brasileira de Vôlei. Estávamos em uma reunião com a direção da CBV, com ele presente e eu ainda no cargo de diretor de seleções já decidido pela negativa ao cargo de treinador. Ele virou para mim e perguntou o que o vôlei tinha me dado na vida. Na hora, disse que absolutamente tudo que tinha, desde o aspecto financeiro até o cultural e como pessoa, era por causa do nosso esporte. Ele olhou para mim e me perguntou se, depois de ter conquistado tudo que tinha na vida, eu poderia dizer "não" ao vôlei. Isso me fez voltar atrás e aceitar", disse Dal Zotto.

A BUSCA PELA VAGA EM PARIS NO BRASIL
O ano de 2023 é cheio e corrido para a seleção brasileira masculina de vôlei. Em um espaço de cerca de seis meses, o Brasil vai disputar Liga das Nações, Sul-Americano, Jogos Pan-Americanos e o Pré-Olímpico para os Jogos de Paris-2024. Na última semana, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) recebeu a confirmação de que o Pré-Olímpico masculino será disputado no País, entre o fim de setembro e o começo de outubro, ainda sem local definido.

Para Renan, a competição acontecer no Brasil é um fator importante. "Se lembrarmos do último, em que jogamos na Bulgária contra os donos da casa na decisão da vaga em Tóquio e viramos um 2 a 0 para 3 a 2, tenho de te dizer que quero o mesmo resultado final, mas sem tanta emoção e sofrimento", disse, rindo.

"O formato de disputa para Paris mudou, antes era um torneio entre quatro seleções e só o campeão conseguia a vaga e agora são oito seleções, todos se enfrentam e os dois melhores se garantem nos Jogos Olímpicos. Fiquei muito feliz de trazer para o Brasil essa etapa", continuou.

"Por mais que algumas pessoas falam que a pressão aumentou com isso, penso que em nenhum momento a seleção brasileira teve pouca pressão na história recente. Acho que temos de tirar o que é positivo disso, que é ter a torcida, sensibilizar todos para que joguem juntos o tempo todo. Acho que precisamos mostrar que todos os jogos serão importantes já que não terá uma decisão em si", acrescentou.

Mesmo sem ter convocado a seleção brasileira para as competições, Renan Dal Zotto não para de trabalhar. Depois de um passagem de dez pela Itália, para acompanhar de perto a recuperação e atuação de alguns jogadores pelo país europeu, o treinador esteve presente na disputa da Copa Brasil, realizada em Jaraguá do Sul, para assistir às finais.

"Hoje nós temos todos os jogos da Superliga sendo transmitidos de forma direta, pela TV e pela internet, e isso é muito bacana. Eu também acabo tendo uma parceria muito bacana com os clubes e seus estatísticos, analistas de desempenho e isso é muito bom. Temos de estar muito próximos pela responsabilidade muito grande que temos que é a convocação. A única coisa que nós não podemos cometer é injustiças com os atletas e para isso nós da seleção temos que estar vendo de perto. O esporte é uma questão de momento. Precisamos respeitar o momento de cada um e temos que ter essa parceria com os clubes", disse o treinador.

CASO WALLACE
Nas últimas semanas, o mundo do vôlei vem aguardando a definição do julgamento do oposto Wallace pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (CECOB), por causa de uma postagem do atleta do Cruzeiro nas redes sociais contra o Presidente Lula.

Wallace tem duas medalhas olímpicas, prata em Londres-2012 e ouro na Rio-2016, e fez história pela seleção brasileira durante mais de dez anos. Questionado sobre como via o caso do atleta no CECOB, Renan Dal Zotto preferiu aguardar os próximos passos do julgamento. "O Wallace é um atleta que não está mais na seleção brasileira, porque optou por se aposentar por vontade dele após o Mundial de 2022. Acredito que precisamos aguardar o julgamento perante os fatos que aconteceram", disse.

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