O acidente de carro que resultou na morte de Eliezer Pena há quase duas semanas fez o Palmeiras e o Red Bull Bragantino rescindir com o zagueiro Renan por justa causa. A decisão dos dois clubes já havia sido tomada no dia em que o jogador foi preso por homicídio culposo, mas só foi viabilizada agora porque as agremiações estavam estudando com os departamentos jurídicos a maneira adequada de romper o contrato com o atleta de 20 anos.
O Bragantino foi o primeiro a dar início aos trâmites, até porque era ao clube do interior que Renan estava emprestado desde abril. Portanto, ele era atleta da equipe de Bragança Paulista, embora seus direitos econômicos pertencessem ao Palmeiras, com o qual o jogador tinha vínculo até o fim de 2025.
O Bragantino concluiu os trâmites na sexta-feira. No sábado, o departamento jurídico do Palmeiras entrou no caso e fez o mesmo. Para romper o contrato por justa causa, os dois clubes se apoiaram no fato de que Renan não poderia dirigir no momento do acidente, pois o zagueiro não tinha CNH definitiva e estava com a permissão para dirigir suspensa.
A rescisão por justa causa já foi efetuada por ambos, mas Renan e seu estafe decidiram não assinar o documento por ora. Por esse motivo, o rompimento do contrato na esfera desportiva ainda não foi publicado no Boletim Informativo Diário, o BID, da CBF.
A assessoria de Renan confirmou que ele foi comunicado pelos dois clubes da rescisão, mas disse "refuta qualquer descumprimento de contrato, tanto em relação ao Red Bull, como em relação ao Palmeiras". Também afirmou que o atleta "está concentrado em sua defesa e na tentativa de retomar a sua carreira".
O zagueiro, natural de Itapevi, no interior de São Paulo, é cria do Palmeiras, no qual chegou em 2015 para atuar no sub-13. Foi promovido ao elenco profissional em 2020. E ganhou destaque no ano seguinte, sob o comando de Abel Ferreira. No entanto, perdeu espaço meses depois. Neste ano, em abril, foi emprestado para o Bragantino a fim de recuperar protagonismo.
ACIDENTE COM MORTE
O carro do jogador, um Honda Civic, invadiu a faixa contrária e colidiu de frente com a motocicleta CG 160 conduzida por Eliezer, que morreu no local. A vítima, que morava em Bragança Paulista e estava retornando à cidade na manhã de sexta-feira, dia 22, deixou a mulher e duas filhas pequenas.
Renan foi autuado em flagrante e se recusou a fazer o teste de bafômetro. De acordo com o 2º sargento Anderson Rodolfo, da Polícia Rodovia Estadual, ele exalava "hálito com odor etílico". Uma garrafa de bebida alcoólica também foi encontrada perto do carro e a perícia vai verificar se há nelas digitais do defensor. O caso foi registrado no Plantão da Delegacia Seccional de Bragança Paulista e é investigado pelo 1º DP da cidade.
Horas depois do acidente, o jogador foi encaminhado à delegacia. Lá, permaneceu calado e novamente se recusou a passar pelo teste do bafômetro. No dia seguinte, o atleta passou por audiência de custódia no fórum de Bragança Paulista e foi solto mediante a determinação de pagar 200 salários mínimos, o equivalente a cerca de R$ 242 mil.
Além disso, tem de comparecer a todas as etapas do processo. Também foi proibida a sua presença em bares, casas noturnas e de shows e prostíbulos. O zagueiro entregou seu passaporte à Polícia Federal e não pode deixar o País, mas teve de se mudar de Bragança porque, segundo sua defesa, estava recebendo ameaças de morte em Bragança.