Anunciada na segunda-feira depois de forte pressão do Planalto e do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), a renúncia de José Mauro Coelho da presidência da Petrobras abriu caminho para que o governo tente acelerar a entrada do atual secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, no cargo – como quer o presidente da República, Jair Bolsonaro. Mesmo assim, ainda restam algumas etapas a serem cumpridas até que a mudança se concretize. Até lá, quem comandará a estatal será o atual diretor de Exploração e Produção, Fernando Borges.
Como aconteceu na entrada de Roberto Castello Branco, primeiro presidente da empresa no governo atual, em janeiro de 2019, não seria necessário convocar uma assembleia prévia de acionistas para referendar o nome de Andrade – algo que poderia estender o processo por até 60 dias. Na época, Ivan Monteiro também renunciou ao cargo de membro do conselho de administração da estatal, e Castello Branco entrou no lugar.
A ideia é que Andrade faça o mesmo agora, com o respaldo da Lei das Estatais. Nome de confiança do ministro da Economia, Paulo Guedes, ele entraria no conselho no lugar de Coelho e ficaria como presidente interino da empresa até ser ratificado em Assembleia-Geral Ordinária (AGO) já marcada para abril de 2023. Ou, antes disso, em assembleia extraordinária que precisaria ser convocada.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a próxima reunião do conselho, na terça-feira que vem, já pode eleger Andrade como conselheiro e presidente interino.
A renúncia de Coelho veio depois de forte pressão do governo, por discordância com a atual política de preços (com paridade com o mercado internacional).
O último reajuste para a gasolina e para o diesel foi anunciado neste fim de semana. A pressão exercida sobre os preços preocupa os integrantes da campanha à reeleição de Bolsonaro, que chegou a falar em CPI no Congresso.
<b> Ilegítimo </b>
Os ataques também foram comandados pelo presidente da Câmara. Em artigo publicado no domingo no jornal <i>Folha de S.Paulo</i>, Lira chegou a dizer que a Petrobras foi "sequestrada por um presidente ilegítimo".
No mercado financeiro, a renúncia se refletiu na segunda-feira em alta de preços para as ações da empresa (de 0,87%, para os papéis ON, e de 1,14% para os PN), com a análise de que isso poderia reduzir o clima de guerra envolvendo a Petrobras.
A documentação de Andrade deve chegar nesta terça ao Comitê de Elegibilidade da companhia para começar a ser analisada, o que deve levar cerca de sete dias, a tempo da reunião do conselho.
O comitê tem função consultiva. Ou seja, mesmo que não recomende o executivo para a função, Andrade pode assumir a presidência da empresa se for aprovado por maioria simples no conselho – que tem 11 cadeiras. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>