Os acionistas minoritários precisam defender a Petrobras de “abusos” e da “incapacidade” do governo na gestão da empresa. A avaliação é do conselheiro Mauro Cunha, representante dos minoritários na empresa e presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec).
As críticas foram feitas em carta para justificar a decisão de não concorrer à reeleição ao cargo na assembleia do próximo dia 29. Nesta terça-eira, 31, o representante dos funcionários no conselho classificou o colegiado de “homologador” de decisões do governo.
Segundo Cunha, que ocupa o cargo há dois anos, a decisão de sair se deve à sua “frustração pessoal” diante da “incapacidade do acionista controlador em agir com o devido grau de urgência para a reversão dos inúmeros problemas que trouxeram a Petrobras à sua atual situação”.
O conselheiro afirmou que a situação se agravou depois da última reunião de conselho, quando foi divulgada a pauta da próxima assembleia. “Faço votos de que a comunidade de acionistas e trabalhadores defendam a Petrobras dos abusos cometidos contra a companhia.”
Denúncias
A atuação de Mauro Cunha no colegiado foi marcado por questionamentos e denúncias à condução da empresa pelo acionista majoritário, a União.
Cunha constantemente votava contra as decisões do governo, o que provocou seu afastamento do comitê de auditoria da estatal no último ano. Ele também questionou os valores de ativos declarados pela estatal, como a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), uma das principais obras investigadas pela Operação Lava Jato.
No último embate, Cunha criticou a indicação de Aldemir Bendine para a presidência da estatal, em fevereiro. Segundo ele, o governo havia imposto “sua vontade sobre os interesses da Petrobras, ignorando o apelo dos investidores de longo prazo”. Em diversos momentos Cunha disse temer “retaliações”.
Silvio Sinedino, representante dos funcionários no conselho, defendeu o colega, hoje, e criticou a indicação dos presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e da mineradora Vale, Murilo Ferreira, para ocupar a presidência do conselho.
“O BNDES é o maior credor da Petrobras, não tem como ser presidente do conselho da empresa. A Vale é sócia eventual. Ele (Ferreira) vai defender o lado da Vale ou da Petrobras?”, questionou.