Após ser efetivado nesta quarta-feira, 16, como ministro da Saúde, depois de quase quatro meses como interino, o general Eduardo Pazuello não quis responder se fará a passagem para a reserva remunerada. A presença de um militar da ativa em postos do primeiro escalão do governo gera incômodo entre integrantes das Forças Armadas.
"Reserva é uma possibilidade não é uma obrigação", respondeu Pazuello ao ser questionado por jornalistas logo após a cerimônia.
Em julho, Pazuello se tornou alvo de uma crise com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que disse que o Exército estava se associando a um "genocídio", se referindo à crise sanitária.
Diante das críticas à militarização da Saúde durante a pandemia, Bolsonaro passou a ser pressionado para substituir Pazuello. Integrantes do Exército temiam pela imagem da Força e queriam que o general pedisse a transferência para a reserva caso resolvesse assumir o cargo em definitivo.
O desconforto entre integrantes das Forças Armadas com militares da ativa em postos de comando foi crucial para que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, antecipasse sua ida para a reserva remunerada em junho deste ano. Ramos é o responsável pela articulação política do governo.
Entretanto, em meio à crise envolvendo o ministro Gilmar Mendes, o presidente Bolsonaro saiu em defesa de Pazuello nas redes sociais e elogiou a experiência do general em logística e administração. "Quis o destino que Gen. Pazuello assumisse a interinidade da Saúde em maio último. Com 5.500 servidores no Ministério, o Gen. levou consigo apenas 15 militares para a pasta. Grupo esse que já o acompanhava desde antes das Olimpíadas", escreveu. Em maio, Bolsonaro já havia sinalizado que o general poderia ficar no cargo ao dizer que ele ficaria "por muito tempo" no Ministério da Saúde.