A subida de tom da presidente Dilma Rousseff em relação aos rumores sobre impeachment repercutiu bem no PT. Depois que Dilma disse à Folha de S.Paulo que “não vai cair”, o vice-presidente e responsável pela estratégia de mídias sociais do PT, Alberto Cantalice, disse que não é possível prever a repercussão da entrevista na internet, mas gostou do tom da fala.
Ela está indignada porque vem sendo desrespeitada seguidamente por opositores. Chega um momento em que tem que dar uma resposta”, avalia Cantalice. Ele diz que o partido vai trabalhar o discurso mais duro da presidente em seus canais oficiais para “dar repercussão” à resposta de Dilma. “Nós já vínhamos respondendo (sobre os rumores de impeachment) desde a convenção do PSDB. Na nossa avaliação, (a entrevista) é uma resposta à oposição que insiste em terceiro turno”, diz Cantalice, que é membro da Construindo um Novo Brasil (CNB), maior corrente do partido.
Um texto sobre a entrevista da presidente já foi publicado no site oficial do PT sob o título “Não me aterrorizam, diz Dilma sobre tentativa de golpe”. No Facebook, o texto foi publicado com a legenda “PRESIDENTA FORTE”. O presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se pronunciaram sobre a entrevista.
Um dos fundadores da Democracia Socialista, o deputado estadual Raul Pont (RS) diz que a fala de Dilma está “de acordo com o padrão que o PSDB e outros setores oposicionistas estão tentando criar no País”. “É um absurdo uma convenção de um partido que perdeu a eleição dentro do jogo democrático com declarações claramente golpistas”, disse Pont. A Democracia Socialista, aliada à Mensagem ao Partido, é a segunda maior força do PT e tem ministros importantes como José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto.
Pont lamentou, porém, que a subida no tom não seja acompanhada de um movimento de imposição do governo perante o PMDB. Pont participa de um movimento de setores petistas que quer promover mudanças no PT para que o partido dê uma guinada à esquerda. “Reconheço que a presidenta quer manter alguma governabilidade, mas é esquizofrênica a relação que o PMDB tem, através do Eduardo Cunha, com o governo”, disse Pont ao comentar a declaração da presidente de que o PMDB “não quer” tirá-la do poder.
“Se (o vice-presidente Michel) Temer e (o ministro Eliseu) Padilha querem estar no grupo político, e é legítimo que estejam, tem de haver contrapartida. Tem de mostrar que PMDB controla seus eleitos”, cobrou Pont, que chamou de “incoerente” a postura dos peemedebistas.