O resultado do governo central em janeiro foi superavitário em R$ 14,835 bilhões, melhor do que a mediana das previsões dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, de R$ 9,200 bilhões, e também do que a estimativa de R$ 9,5 bilhões da Saga Capital. Segundo o economista da gestora William Michon Júnior, o resultado foi afetado pelos R$ 11 bilhões obtidos com a venda de hidrelétricas e, assim, não há uma melhora estrutural. “Não é um sinal animador. Nos próximos meses devemos ter ajustes para baixo nesse número”, comenta.
A Saga estima déficit primário de 1,2% do PIB este ano. Na avaliação de Michon Júnior, é muito difícil que o governo consiga aprovar no Congresso reformas como a da Previdência ou mesmo o retorno da CPMF. “Talvez o limite para os gastos públicos seja algo mais fácil de passar”, afirma.
Ele diz que a receita, que registrou alta real de 1,7% em janeiro – considerando o dinheiro das hidrelétricas -, deve voltar a cair nos próximos meses, já que a retração da atividade é muito forte. “A arrecadação está caindo, a atividade está com uma retração muito forte. As vendas de automóveis, por exemplo, estão recuando muito”, afirma. Para ele, as medidas de reoneração da folha de pagamento e outros cortes de subsídios anunciados pelo governo no ano passado ainda ajudam muito pouco as contas públicas.
No âmbito do gastos, Michon Junior aponta que os investimentos com o PAC caíram 28,8% em janeiro, com o governo cortando onde consegue, mas isso também não é suficiente.