A retirada dos civis de Mariupol, marcada para esta sexta-feira, 1º, começou durante a manhã, mas o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou que a operação "continua extremamente complexa". A Ucrânia conseguiu retirar cerca de 2 mil moradores de Mariupol que estavam próximos a Berdiansk, uma cidade nos arredores, mas mais de 100 mil continuam cercadas na cidade portuária.
Um assessor do prefeito de Mariupol, Petro Andiushchenko, disse que a cidade permanece fechada para quem tenta entrar e é "muito perigosa" para quem tenta sair. Segundo ele, as forças russas desde quinta-feira impedem que até mesmo a menor quantidade de suprimentos humanitários chegue aos moradores, deixando claro que o corredor humanitário não foi aberto.
"A cidade continua fechada à entrada e muito perigosa para sair com transporte pessoal", disse ele no Telegram nesta sexta-feira. "Além disso, desde ontem os ocupantes não permitiram categoricamente nenhuma ajuda humanitária – mesmo em pequenas quantidades – na cidade."
A retirada dos civis foi acordada entre a Cruz Vermelha e a Rússia nesta quinta-feira, 31, com a abertura de corredores humanitários. No entanto, a entidade afirmou que a situação ainda não é segura o suficiente para a operação. "Esperamos ter as condições necessárias para fazer essa evacuação o mais rápido possível", disse a Cruz Vermelha no Twitter.
O comboio de 45 ônibus enviados pela Ucrânia e pela Cruz Vermelha sequer chegou à Mariupol, segundo Petro Andiushchenko. Eles foram até Berdiansk, cidade dos arredores, e retiraram moradores que são de Mariupol e saíram por conta própria de lá. Estima-se que o comboio tenha 2 mil pessoas – um número recorde para Mariupol, segundo a Câmara da cidade – e tenha destino a cidade de Zaporizhzhia.
Além da retirada dos civis, a Cruz Vermelha tentou levar ajuda humanitária, com a entrega de suprimentos, para a cidade, mas não obteve autorização.
Mariupol vive o pior cenário da guerra da Ucrânia, com bombardeio e cerco russos constantes, escassez de comida, energia e água. Nas últimas semanas, uma maternidade e um teatro que servia de abrigo para 1,3 mil pessoas foram atacados pelos russos. Imagens de satélite divulgadas nos últimos dias mostraram centenas de pessoas fazendo fila do lado de fora de um supermercado na tentativa de obter suprimentos.
A cidade possuía 400 mil habitantes antes da guerra – e parte conseguiu sair há cerca de duas semanas, quando os ucranianos conseguiram montar um corredor humanitário na área. Os civis que saíram o fizeram usando carros particulares na maioria dos casos, mas o número de veículos dirigíveis deixados na cidade diminuiu e os estoques de combustível estão baixos.
<b>Batalhas enormes estão sendo travadas perto de Kiev, diz prefeito</b>
Batalhas "enormes" são travadas nesta sexta-feira, 1º, ao norte e leste de Kiev, segundo o prefeito Vitali Klitschko. Ele emitiu um aviso aos moradores que estão fora da cidade para que não retornem à capital por enquanto. "Por favor, leve um pouco mais de tempo".
Mais cedo, o governador regional de Kiev disse que as forças russas recuam em algumas áreas ao redor da capital, mas fortalecem suas posições em outras.
Isso ocorre depois do conselheiro do presidente Volodmir Zelenski, Oleksi Arestovich, afirmar que as forças ucranianas estão afastando as tropas russas a nordeste e noroeste de Kiev. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)