Cidades

Retomada em Guarulhos depende de mais leitos de UTI, mas isolamento social deve ser maior

População cobra retomada da economia, mas boa parte da população não respeita regras de isolamento e vai para às ruas comprometendo os índices

Enquanto a Prefeitura de Guarulhos concentra esforços em aumentar o número de leitos de UTI para atender pacientes com Covid-19, a fim de não colapsar o sistema de saúde, e poder iniciar a retomada econômica da cidade, boa parte da população insiste em não manter o necessário isolamento social. Após pressão exercida por prefeitos da Grande São Paulo, com destaque o prefeito Guti (PSD) que se manifestou com energia contra a decisão do governador João Doria (PSDB), de isolar os demais municípios e reabrir apenas a Capital, o Estado voltou atrás e iniciou novo protocolo para a reabertura.  

Porém, o projeto de Guti, que privilegia a defesa pela vida, depende – além de aumentar a capacidade de atendimento hospitalar, as taxas de isolamento social precisam crescer consideravelmente, o que depende exclusivamente do comportamento da população. As taxas, que chegaram a 63% no início de abril, índice considerável aceitável, não passam de 50% há vários dias. Nesta semana, ficou na casa dos 46%, o que significa 9% a menos que o mínimo aceitável para a reabertura responsável dos comércios.  

“Não adianta o poder público fazer sua parte, buscando melhorar o atendimento médico, se a população não colaborar. Nós estamos fiscalizando, mas não podemos colocar a polícia na rua para obrigar as pessoas a não saírem. Optamos pela conscientização, porém depois de mais de 70 dias de quarentena, a população não respeita mais. Muitos por não aguentarem mais ficarem fechados e outros até para buscar meios de sobrevivência”, afirmou o prefeito Guti. Mas ele enfatiza que é necessário que haja um pouco mais de sacrifício. “Quem puder deve ficar em casa. Precisamos retomar a economia. Mas a colaboração de todos é fundamental”, completou.  

Nesta sexta-feia (29), ao prorrogar o decreto de quarentena até 30 de junho, Guti explicou que planeja dar início à retomada das atividades econômicas em Guarulhos a partir da segunda semana de junho. A Prefeitura de Guarulhos segue buscando recursos para implantação de novos leitos, além de locar leitos em hospitais particulares. No início da semana, ao menos quatro novos leitos serão incorporados à rede municipal. “Esta abertura será feita de forma faseada, assim podemos continuar observando os números e tomando as decisões diariamente, com muita responsabilidade e atenção”, afirmou.  

Um comitê formado pelo prefeito e representantes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Secretaria de Governo e Secretaria de Desenvolvimento Científico, Econômico, Tecnológico e Inovação, está realizando reuniões com as instituições ligadas ao comércio e indústria na cidade, para dialogar sobre a melhor forma de iniciar esta ação. A equipe está ouvindo as propostas de diversas instituições, como a Associação Paulista de Supermercados (APAS), Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos (ACE), Ordem dos Advogados de Guarulhos (OAB – Guarulhos), Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Guarulhos (Asseag), Associação dos Empresários de Cumbica (ASEC), Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp Guarulhos), Sincomércio Guarulhos. 

 

Restrições vigentes 

O Diário Oficial desta sexta-feira trouxe o Decreto nº 36884, que prorroga até 30 de junho de 2020 as atuais restrições de atendimento presencial nos comércios, já que a reabertura segue em planejamento. Essa medida pode ser revogada a qualquer momento.  

As restrições de funcionamento não se aplicam às atividades internas dos estabelecimentos comerciais, bem como à realização de transações comerciais por meio de aplicativos, internet, telefone ou outros instrumentos similares e aos serviços de entrega ou retirada de mercadorias (delivery e drive-thru).   

 

Serviços essenciais 

Os decretos 36.757 e 36.811/2020 colocam como serviços essenciais os seguintes estabelecimentos:  

– Hipermercados, supermercados, mercados, mercearias, feiras livres, açougues, peixarias, padarias, hortifrutigranjeiros, quitandas e centros de abastecimento de alimentos; 

– Farmácias e drogarias;  

– Equipamentos e serviços vinculados à saúde como hospitais, unidades de pronto atendimento, maternidades, clínicas médicas, clínicas odontológicas, laboratórios e óticas; 

– Lojas de venda de alimentação para animais, clínicas veterinárias e hospitais veterinários; 

– Distribuidores de gás e lojas de venda de água mineral; 

– Postos de combustível; 

– Hotéis, pousadas e similares; 

– Serviços funerários e cemitérios; 

– Instituições bancárias e casas lotéricas que prestem serviços de correspondente bancário; 

– Agências, postos e unidades dos Correios e demais serviços de entrega de correspondências e/ou mercadorias; 

– Oficinas mecânicas, assistências técnicas em geral, borracharias, auto elétricos, autopeças e bicicletarias, que deverão garantir a limitação de pessoas em seus ambientes; 

– Serviços de estacionamento, transportadoras e distribuidoras; 

– Casas, lojas e distribuidoras de materiais de construção e de produtos de limpeza; 

– Produtores, distribuidores e fornecedores de produtos auditivos, oftalmológicos, cirúrgicos, ortopédicos e próteses; 

– Bancas de jornal e revistarias; 

– Equipamentos públicos essenciais. 

Esses locais devem intensificar as ações de limpeza, disponibilizar álcool em gel 70% a clientes e funcionários, garantir que seus funcionários façam uso de máscara de tecido ou descartável e implantar barreiras físicas para a proteção dos funcionários em atendimento ao público, além de realizar demarcações de distanciamento no solo das filas.  

Durante os serviços de entrega de mercadorias os colaboradores (motoboys/entregadores) responsáveis deverão utilizar máscaras de proteção, descartáveis ou confeccionadas em tecido.  

Os templos religiosos de qualquer natureza poderão funcionar para a realização de atividades on-line, obedecidas às determinações do Ministério da Saúde. 

Bancos e casas lotéricas deverão ter um orientador para organizar filas externas, com permanência de uma pessoa a cada metro, além de distribuição de álcool em gel para higienização e máscaras de proteção. 

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