O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particulares no Estado de São Paulo (Sieesp), entidade que reúne 11 mil escolas, estima que cerca de 15% do total de alunos da rede privada retornaram às aulas presenciais na quarta-feira, 7, primeiro dia de atividades na capital. O porcentual equivale a quase 200 mil alunos que realizaram as atividades extracurriculares e aulas de reforço autorizadas pelo poder municipal. O número absoluto, no entanto, ainda está distante dos 2,5 milhões de alunos matriculados na rede privada de acordo com o sindicato.
Para Benjamin Ribeiro da Silva, diretor da entidade, os números estão dentro da expectativa após sete meses de fechamento das escolas por conta da pandemia do novo coronavírus. "Os pais ainda estão confusos, indecisos e decidiram esperar um pouco mais", avalia.
Para garantir o distanciamento entre os alunos e prevenir a contaminação pelo novo coronavírus, as escolas podem receber por dia até 20% do total de alunos em todas as séries. Esse dado é importante na equação do retorno às aulas, sem contar os protocolos de distanciamento e da adoção do uso obrigatório de máscaras e a disponibilização de álcool em gel para prevenção da covid-19.
Roberto Prado, diretor executivo da Associação Brasileira das Escolas Particulares (Abepar), avalia que a maioria das 24 escolas que integra a entidade registra presenças próximas ao limite de 20%. "O percentual foi alcançado na maioria das escolas. Esse é número bom, está dentro da nossa previsão", diz o representante da Abepar.
Algumas escolas garantem que a procura tem sido maior que o teto da prefeitura. Eduardo Tambor, diretor de Operações do Colégio Bandeirantes, localizado na zona sul de São Paulo, afirma que 50% dos 2700 estudantes da escola estão dispostos a voltar às carteiras – o conteúdo on-line continua sendo oferecido normalmente. Para atender a demanda e respeitar o distanciamento de 15 alunos por sala de aula, a escola preparou um rodízio das turmas.
Pesquisa da Abepar com 14 colégios sobre o primeiro de dia de atividades presenciais permite esmiuçar o panorama de ocupação das escolas. Em 35% das escolas filiados à Abepar, o número de presenças varia de 51 a 100 alunos. Já em 28% delas, a presença foi maior: entre 201 e 500 alunos. Houve a presença de alunos em todos os níveis, mas a maioria está matriculada na Educação Infantil (92,9%). A entidade evita estimativas sobre o total de comparecimentos dos alunos.
Como a participação dos alunos nas atividades presenciais não é obrigatória, a decisão final cabe aos pais. A empresária Juliana Grillo, de 38 anos, decidiu que era hora de enviar os dois filhos, Laura, de 6 anos, e Lucca, de 7, no primeiro dia de atividades na escola bilíngue Stance Dual School. O motivo foi a segurança com os protocolos sanitários da escola da Bela Vista, região central.
"Eu e meus filhos estamos felizes com o retorno. Não vejo a hora de voltar carga horária normal. Melhor meus filhos lá na escola do que comigo no trabalho!", compara. "Mas admito que sou uma mãe bem tranquila em relação a tudo que estamos vivendo. Então para mim é mais fácil decidir", afirma a empresária.
As perspectivas para as próximas semanas dividem os especialistas. Claudio Gilardino, diretor da rede de ensino OEP, que reúne os colégios Oswald de Andrade, Elvira Brandão e Piaget, está otimista. Só o Oswald, localizado na zona oeste, possui 800 alunos.
"Começamos com a Educação Infantil. Na terça-feira, vamos retomar as atividades esportivas para os alunos do ensino fundamental 2 e o ensino médio. Todas as vagas foram preenchidas, respeitando o limite de 20%. Cada semana encerrada de forma segura e sem contaminação vai gerar um clima de satisfação e confiança, promovendo o retorno de mais alunos", diz Gilardino. "A perspectiva é positiva. Esperamos voltar com o ciclo regular no dia 3 de novembro, com todos os segmentos", planeja o educador.
Benjamin concorda que resultados positivos vão atrair mais alunos e diminuir a resistência dos pais. "Quando eles perceberem que as escolas estão tomando todas as providências, a procura vai aumentar", aposta.
Roberto Prado adota mais cautela. "A perspectiva é começar a pensar na normalidade. Algumas pessoas perguntam sobre as matrículas para 2021. Ainda não estamos com foco nessa questão. Até ontem (quarta-feira), o foco era como começar. Nós começamos bem, temos de manter e até ampliar", afirma.