Sete ex-treinadores da seleção brasileira e a atual comissão técnica formada por Dunga e Gilmar Rinaldi se reuniram nesta segunda-feira para debater melhorias no futebol do Brasil, no primeiro encontro do Conselho de Desenvolvimento Estratégico do Futebol Brasileiro, na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Foi consenso entre os participantes a necessidade de uma reforma nas categorias de base e na formação de técnicos para os clubes, embora nenhuma medida tenha sido anunciada para concretizar estas mudanças.
Nomes da seleção como o de Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes, Emerson Leão, Edu Coimbra e Vanderlei Luxemburgo não compareceram. O último, porém, vai integrar a reunião com os demais técnicos do Campeonato Brasileiro. Os presentes foram Mario Jorge Zagallo, Carlos Alberto Parreira, Sebastião Lazzaroni, Carlos Alberto Silva, Candinho, Paulo Roberto Falcão e Ernesto Paulo.
Os membros desta primeira etapa do conselho tentaram tirar da seleção brasileira a completa responsabilidade pela queda de rendimento do futebol nacional. “O futebol é uma pirâmide, e precisamos pensar na base dela, que são os clubes, os técnicos, o calendário de competições”, afirmou Parreira, que atuou como coordenador da seleção na Copa do Mundo do Brasil e técnico do tetracampeonato de 1994.
Gilmar Rinaldi admitiu que há carência na formação dos técnicos da base, o que tem reflexo diretamente na diminuição do surgimento de novos craques. “Precisamos atuar na base mesmo, aperfeiçoar mais os treinadores, melhorar o acesso ao nosso curso (de técnico)”, afirmou o coordenador de seleções da CBF.
“A maioria dos treinadores de base ganham entre R$ 2 mil e R$ 3 mil e o curso (de formação de técnicos da CBF) custa R$ 7 mil. Então precisamos custear. Está na mesa do presidente Marco Polo Del Nero a proposta de custear o curso de dois ou três treinadores de cada clube”, revelou
A intenção de reformar a base é inspirada no sucesso de seleções como Espanha e Alemanha. Mas o técnico Dunga descarta copiar modelos estrangeiros. “Não podemos nos levar por modismos. Ter referências é sempre bom. Mas queremos resgatar o futebol brasileiro ou copiar o europeu?”, questionou Dunga. “O mais importante é busca soluções dentro do nosso País.”
A reunião desta segunda-feira foi apenas a primeira de uma série que a CBF pretende realizar nas próximas semanas. A entidade quer se reunir com jornalistas, profissionais da área da saúde, ex-campeões mundiais e técnicos estrangeiros para buscar ideias e soluções para o futebol brasileiro.
ELIMINATÓRIAS – A próxima competição da seleção serão as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 e Dunga admite que o Brasil terá dificuldades para se classificar. Questionado sobre a possibilidade de a CBF entrar com recurso para diminuir a suspensão de Neymar, recebida durante a Copa América, ele se negou a falar sobre o assunto. “Vai ser uma eliminatória complicada, mas todas as outras também foram. Em quase todas só nos classificamos (para a Copa) na última rodada”, considerou o treinador.
Para a Zagallo, campeão em 1970 como técnico, o Brasil não deve ter grandes dificuldades. “A seleção vai demonstrar a sua potência jogando diante de qualquer seleção. Todos falavam que a Argentina era favorita na Copa América, mas o Chile ganhou. O Brasil não está abaixo de nenhum deles”, apostou.