As investigações da Operação Lava Jato ficaram fora da pauta do único compromisso oficial da agenda da presidente Dilma Rousseff neste domingo, 28 em Nova York: um encontro com representantes de 25 empresas brasileiras com investimentos nos Estados Unidos. Entre elas, estava a Braskem, sociedade da empreiteira Odebrecht e a Petrobras que é um dos alvos das investigações de corrupção.
Ao fim da reunião, o presidente da companhia, Carlos Fadigas, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a operação da Polícia Federal não é assunto da viagem de Dilma e esteve ausente do encontro, destinado a discutir a ampliação de negócios e investimentos entre Brasil e EUA.
“A presidente Dilma pediu aos empresários que se engajassem no diálogo com os Estados Unidos”, afirmou. “É importante esta proximidade, esta parceria entre o setor produtivo e o governo, em favor da economia e das empresas, já que todos os governos fazem exatamente isso.”
Perguntado se sua presença gerou constrangimento durante a reunião, Fadigas disse que não. O presidente da petroquímica sustentou que os delatores entraram em contradição nas acusações contra a empresa.
A Braskem é uma das empresas brasileiras com maior volume de investimentos nos Estados Unidos, onde lidera a produção de polipropileno. No dia 19 de junho, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da companhia, no âmbito da etapa mais recente da Lava Jato.
Entre as pessoas presas nessa etapa está Alexandrino Alencar, que era executivo da Braskem antes de se transferir para a Odebrecht. Ele pediu demissão da empreiteira no dia de sua prisão, na semana passada.
Entre outras empresas que participaram da reunião estavam JBS, Gerdau, Stefanini, Suzano, Copersucar e Cutrale. Na noite de sábado, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, havia afirmado que a Lava Jato estaria fora de seu roteiro nos Estados Unidos: “Não vim aqui para falar disso”, declarou, poucas horas depois de chegar a Nova York.
Depois do encontro, a presidente deixou o hotel em companhia da filha, Paula, e cumpriu uma agenda privada, não divulgada pela Presidência. Segundo informações obtidas pela reportagem, a presidente caminhou pela Quinta Avenida, entrou em algumas lojas e em uma farmácia.
Dilma deixou o hotel por uma saída normalmente não utilizada pelos hóspedes, evitando os jornalistas. No fim da tarde, sua assessoria informou que havia a possibilidade de a presidente conceder uma entrevista coletiva, mas às 18h30 (19h30 horário de Brasília) ela decidiu que não falaria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.