No início dos anos 90, o Brasil vivia a expectativa de chegar a sexta-feira ou sábado para ler o que traziam as revistas semanais. Naquele tempo, quando não havia internet, Veja e Isto É se intercalavam em publicar denúncias que, geralmente, envolviam o primeiro escalão do governo federal. Com as revelações, principalmente da primeira, Fernando Collor de Mello perdeu o poder, com o impeachment, que levou ao poder , ainda em 1992, Itamar Franco, morto no último sábado.
Vinte anos se passaram e o Brasil vive outros tempos. O PSDB passou oito anos do poder, o PT caminha para 12. Nesse meio tempo, alguns escândalos tomaram conta não só das revistas semanais, mas também pelos jornais diários e sites de internet (a maior novidade desse período todo). Quase nenhum deles gerou alguma grande mudança institucional no país. Ao contrário. Parte da imprensa até caiu em desgraça, com excessos de denuncismo, em alguns casos, e descrédito perante a população em outros. Nem o chamado escândalo, conhecido como “dólar na cueca”, que chegou muito perto do poder central, em 2005, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva colou na população a ideia de que “não sabia de nada”, atingiu o que se esperava. Tanto que Lula se reelegeu presidente menos de um ano depois, obtendo a maioria do eleitorado brasileiro no segundo turno contra Geraldo Alckmin.
Durante a campanha eleitoral de 2010, quando Dilma Roussef (PT) obteve a vitória também no segundo turno, mas desta vez contra José Serra, a imprensa tentou trazer histórias novas e possíveis escândalos que envolviam diretamente a candidata e até o presidente da República. Mas, mais uma vez, as denúncias não encontraram eco na sociedade.
Agora, seis meses de poder, Dilma volta a enfrentar uma série de episódios adversos. Até agora, por força da mídia, o ministro forte da Casa Civil, Antonio Palocci, já caiu. Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, vive sob os holofotes em uma série de denúncias que trazem de volta o escândalo dos aloprados. E, neste fim de semana, por conta das revistas que circularam a partir de sexta-feira, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PT) começa a balançar no cargo. Denúncias apontam para um esquema forte de arrecadação diante de seu nariz. Em um primeiro momento, ele foi mantido no cargo. Mas, muito provavelmente, a situação pode mudar. Tudo depende do apetite da mídia.