Alvo de inquérito que investiga um esquema ilegal de retirada e venda de madeira, Ricardo Salles decidiu deixar o Ministério do Meio Ambiente quando soube, na terça-feira passada, que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pediria sua prisão.
Ao tomar conhecimento da informação por meio de um colega, Salles viu que sua permanência no governo era insustentável.
Na conversa com o presidente Jair Bolsonaro, na quarta-feira, um dia depois de ser informado sobre o risco de prisão, o ainda ministro agradeceu a confiança, mas disse que não tinha mais como continuar na equipe. Bolsonaro pediu, porém, que ele ficasse e enfrentasse o Supremo. Segundo o <b>Estadão </b>apurou, Salles respondeu que, além de levar a crise para o centro do governo, temia pela segurança da mãe, também investigada.
A Polícia Federal apura operações financeiras de Salles, tendo como base o escritório de advocacia do qual ele é sócio com a mãe, em São Paulo. O inquérito foi autorizado pelo Supremo, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A suspeita é de que Salles atuava no cargo para favorecer madeireiros que desmatam a Amazônia, abrindo caminho para o contrabando de madeira ilegal. Ele nega irregularidades.
O pedido de prisão teria como fundamento suspeitas de que Salles estaria atuando para prejudicar as investigações. Ao pedir demissão, Salles esvaziou essa justificativa, uma vez que não tem mais poder algum na pasta. Além disso, o processo pode deixar o Supremo. O ministro Alexandre de Moraes analisa se existe mais algum investigado com prerrogativa de foro para manter o caso sob sua relatoria. Caso contrário, a investigação terá que ser enviada para a Justiça Federal do Distrito Federal ou do Amazonas.
A ministra Cármen Lúcia, relatora de um outro inquérito contra Salles no Supremo, determinou que ele entregasse seu passaporte à Polícia Federal para não deixar o País. A defesa do ex-ministro afirmou que o documento foi entregue na tarde de ontem. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>