O sonho de virar um torneio de nível ATP Masters 1000 ficou em segundo plano para o Rio Open. Com dificuldades para ganhar mais espaço no circuito, a competição de nível ATP 500 tem como prioridade no momento mudar o seu piso, do saibro para a quadra dura, de acordo com o diretor do evento, Luiz Carvalho.
“Virar um Masters 1000 é um passo mais distante hoje em dia. Já foi um passo mais próximo. Nosso primeiro objetivo agora é o piso duro. Se conseguirmos mudar a superfície e se conseguirmos fazer o evento crescer neste nível, aí acho que vamos conseguir pleitear um Masters 1000 no futuro. Não queremos perder o foco agora”, avisou Lui, como também é conhecido, nesta quarta-feira.
O plano de tornar o Rio Open um Masters 1000 foi revelado pelo diretor ao Estado, no ano passado. Seria o ponto alto de outras mudanças que afetariam toda a gira sul-americana de saibro. A ideia inicial seria atuar em conjunto com os diretores do Brasil Open, em São Paulo, e dos Torneios de Buenos Aires e de Quito para uma alteração geral do piso, trocando o saibro pela quadra dura.
Seria criado, assim, uma sequência de torneios nesta superfície, que passaria também pelo Torneio de Acapulco, no México, e culminaria nos Masters 1000 de Indian Wells e Miami, nos Estados Unidos, pela sequência do calendário atual. O plano, contudo, foi adiado por causa da dificuldade de se mudar o piso do Rio Open, com o objetivo de transferir a competição do Jockey Club Brasileiro para o Centro Olímpico de Tênis, no Parque Olímpico, onde há apenas quadras duras.
“O Parque Olímpico tem uma estrutura permanente incrível. Temos toda a vontade do mundo de levar o evento para lá. Mas ele esbarra numa questão de termos um evento no saibro e o Parque ser uma instalação de piso duro. Desde 2016, estamos fazendo movimentos políticos junto à ATP para tentar fazer a mudança do piso. E neste pedido já temos vários idas e vindas, até de mudar o piso da gira inteira. Já teve várias modelos de propostas. E não conseguimos uma resposta concreta de que isso vai acontecer”, revelou Lui.
A mudança no foco das ambições do Rio Open é resultado das reuniões realizadas pela ATP, em Londres, no fim do ano. Foi o começo de discussões sobre o futuro do circuito, com possibilidades de alterações nos formatos e nos pisos dos torneios a partir de 2019. E logo nas primeiras reuniões os principais dirigentes da entidade avisaram que não pretendem criar uma nova competição de Masters 1000 por enquanto.
Lui, no entanto, não desanima. “A partir de 2019, haverá algumas alterações. Há várias discussões em andamento. Fazemos parte de todas estas mudanças e nenhuma decisão foi tomada nas reuniões em Londres. Está tudo parado por enquanto”, afirmou.
CIRCUITO RIO-ACAPULCO-INDIAN WELLS – O diretor do Rio Open acredita que a mudança de piso seria o primeiro passo para colocar o torneio em outro nível mundialmente. Com uma quadra dura, a competição carioca atrairia tenistas que encarariam o Rio Open como um caminho natural para jogar em Acapulco, antes de Indian Wells e Miami.
Para Lui, seria uma sequência de torneios mais fácil aos atletas, que poderiam optar ainda por Dubai, disputado na mesma semana que Acapulco, antes dos EUA. “Um dos fatores que os tenistas levam em consideração para montar seu calendário é o fuso. Sair de Dubai para jogar em Indian Wells exige mais ou menos uns quatro dias para o tenista se adaptar à mudança de fuso. Isso acaba com o tenista”, argumentou.
“Com a mudança de piso, o tenista teria três torneios em sequência no mesmo fuso: Rio, Acapulco e Indian Wells. Isso facilita para o tenista. E as condições são parecidas, é quente e úmido em dois dos três lugares. Tenho certeza de que, se houvesse a mudança no piso, os tenistas fariam um circuito Rio-Acapulco-Indian Wells. Faz todo o sentido do mundo. Tenho até um acordo com o diretor de Acapulco para colocar um voo fretado saindo do Rio no domingo à noite para levar os tenistas para o México”, garantiu Lui, entre risadas.