O Rio de Janeiro registrou um aumento de mais de 40% no número total de sepultamentos em abril, em comparação com o mesmo período do ano passado. A pandemia do novo coronavírus é apontada como um dos motivos para a disparada no número, mas a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif) garante que o sistema não corre o risco de enfrentar um colapso no Rio, uma vez que 50 mil novas sepulturas deverão ficar prontas em breve.
Além dessas, dez mil novas sepulturas foram entregues recentemente. O acréscimo chega em um momento em que os cemitérios cariocas registram aumento considerável na demanda. "Só uma das concesssionárias (de cemitérios) no Rio registrou aumento de 50% no número de funerais", diz Lourival Panhozzi, presidente da Abredif.
Ele ressalta que, ao menos na capital fluminense, isso não preocupa o setor. "Até 100% de aumento qualquer cidade consegue absorver. Acima disso passamos a ter um pouco de dificuldades. A situação se agrava mesmo quando ultrapassa 300%, que é o caso de Manaus."
Segundo Panhozzi, a situação da capital do Amazonas, no momento, é a única que realmente preocupa. "Nós estamos com problemas de abastecimento lá porque a posição geográfica é desfavorável. A maior parte das urnas são fabricadas na região sudoeste. A logística é complicada, leva até dez dias para levar. É diferente do Rio e São Paulo, que se tiverem um acréscimo repentino podemos ter uma resposta mais rápida", explica.
Ainda de acordo com o presidente da Abredif, a pandemia do novo coronavírus não teve impacto considerável no setor funerário do País. "O aumento foi expressivo em alguns lugares, como Manaus, Belém, Fortaleza, Rio e São Paulo. Mas, como um todo, não tivemos um crescimento absoluto. Aumentou por causa da covid, mas baixou o índice de mortes por outros motivos. E uma boa parte das mortes por coronavírus é de pessoas idosas, ou que já tinham outras doenças. O sistema já prevê isso."
Para Panhozzi, a pandemia de coronavírus não tem que ser uma preocupação para o sistema funerário. "O problema todo está no sistema de saúde, mas não é de hoje. Vem de muito tempo. Nosso sistema de saúde é que não está preparado. Quem sabe ao menos essa pandemia sirva para acelerarem a melhor dele", comenta.