A secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro recebeu 4.746 notificações de grávidas com manchas no corpo, desde 18 de novembro passado, quando esse tipo sintoma passou a ser de registro obrigatório. Dessas, 176 tiveram testes positivo para o vírus zika, mas ainda não há confirmação se os fetos apresentam microcefalia ou outra sequela neurológica. De acordo com a secretaria, todas as mulheres serão acompanhadas até o fim da gestação. O boletim divulgado não informa quantas já tiveram bebê nem quantas ainda estão sob acompanhamento do órgão.
Até a semana anterior, o órgão havia recebido 4.152 notificações, houve um aumento de 14% no total de registros da doença. O subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe, ressalta que o número de registros de grávidas com suspeita de zika caiu nas últimas seis semanas. “Estamos observando desaceleração do número de novos casos e queremos entender o que está acontecendo, porque ainda há transmissão intensa de zika na população em geral. Uma hipótese é de que as grávidas estejam intensificando medidas de proteção individual (como uso de repelentes)”, afirmou.
Entre 1.º de janeiro de 2015 e 20 de fevereiro de 2016, foram identificados 252 bebês com suspeita de microcefalia; 201 já nascidos e 49 ainda na barriga da mãe. Duas crianças tiveram o diagnóstico confirmado por exames radiológicos. As demais ainda estão em investigação. Do total, 201 são de bebês já nascidos e os outros 49 são referentes ao período intrauterino. As mães de 85 crianças relataram histórico de manchas vermelhas pelo corpo ao longo da gravidez. Metade das crianças vive na capital. Em seguida, a região com maior número de suspeitas de microcefalia é a Baixada Fluminense.
Na véspera da divulgação do boletim, a diretora da Organização Mundial de Saúde, Margaret Chan, em visita ao Rio, ressaltou a importância de as grávidas com suspeita de zika serem acompanhadas “bem de perto”, para que os bebês com sequela neurológicas sejam identificados rapidamente. Chieppe informou que a partir desta sexta-feira, 26, técnicos da secretaria começam a telefonar para cada uma das grávidas que podem ter zika e as mães que tiveram bebês diagnosticados com microcefalia. “Queremos avaliar se elas estão fazendo os exames preconizados, se está o pré-natal adequado, onde o bebê vai nascer, se os bebês com microcefalia estão recebendo a estimulação precoce necessária. Uma série de informações que não está na ficha de notificação”, afirmou.
Nessa quarta, 25, o Instituto Estadual do Cérebro (IEC) concluiu o protocolo de atendimento para grávidas com zika, bebês com microcefalia, e pacientes com Guillain-Barré, síndrome neurológica que pode provocar paralisia e que surge como uma reação do organismo à infecção por zika. O jornal O Estado de S.Paulo teve 43 casos da síndrome, desde julho de 2015. O documento elaborado pelo IEC, coordenado pelo neurologista Paulo Niemeyer Filho, vai guiar todas as ações da rede pública para esses casos. “A nossa expectativa é de que a partir da semana que vem esses pacientes já possam começar a ser avaliados no Instituto do Cérebro”, afirmou Chieppe.