Cidades

Risco de desabamentos ainda assusta no Continental

Segundo os próprios moradores, nenhum habitante das casas no alto do morro foram contatados pela Defesa Civil

O desmoronamento que atingiu duas casas, sem deixar vítimas, no Continental III e desabrigou duas famílias não foi suficiente para a interdição de outras sete imóveis que ficaram à beira do do morro. O Guarulhos Hoje esteve no final da manhã na rua Ibipitanga, local do desastre, e constatou a presença de uma retroescavadeira retirando os destroços misturados à lama, porém, segundo os próprios moradores, nenhum habitante das casas no alto do morro foram contatados pela Defesa Civil.

A situação se repete na Estrada do Cabuçu, no bairro de mesmo nome, onde diversas casas na encosta da pista correm risco de desbarrancarem. Algumas delas já caíram, mas os moradores continuam no local, correndo sérios riscos.

Apesar da intensidade da chuva que atingiu a cidade na madrugada desta quarta-feira, o nível registrado pela Climatempo foi de 27mm. O acumulado no mês já beira os 300mm desde o dia 1°, superando em apenas 12 dias a média esperada para o mês de 250mm.

Problemas – As chuvas que atingiram a cidade nas duas últimas madrugadas abriram uma cratera de mais de quatro metros de comprimento na rua Ibipitanga, no Continental III. O buraco levou parte da via morro abaixo e deixou os vizinhos temerosos. "Já tinha o buraco, mas era menor. A Prefeitura veio e descarregou caçambas de terra, que só piorou. A rua está cheia de trincas, dá medo", disse a dona de casa Francisca de Oliveira, 61, que cuida de seus dois netos de 2 e 6 anos em casa.

Seu marido, o aposentado Félix de Souza afirma que já contatou as autoridades competentes, mas não houve retorno. "Já liguei para a Defesa Civil, Proguaru, Prefeitura, eles vêm, tiram fotos e vão embora", critica.

Poucos metros à frente, a retirada dos destroços que caíram sobre as duas casas era assistida pelo atônito Edmário Carvalho, 43, morador de uma das residências e que agora está alocado na casa de seu cunhado. "Quando percebi que o morro podia descer, conversei com minha esposa e saímos. O carro ficou na garagem e perdi roupas, fogão, geladeira e móveis dentro", conta.

Carvalho morava no local há 11 anos e conta possuir toda a documentação de compra da casa, mas rejeita os auxílios oferecidos pela Defesa Civil. "Ofereceram colchonete, cesta básica. Isso tem que dar para quem precisa", desabafa.

"A gente tem medo, mas não pensa em sair daqui"

Do alto de sua casa, o marceneiro Natalício da Silva, 50, assistia tranquilamente os trabalhos no pé do morro, mesmo com sua casa à beira do barranco. E não pretendia sair do local. "A gente fica um pouco temeroso, mas não penso em sair porque a gente lutou tanto ter a casa e depois ter que sair…", afirma. "Já estou pensando em construir um muro de arrimo. Moro com quatro pessoas aqui, além da minha filha, que é vizinha. Não tenho para onde ir", completa, enquanto aguardava a confirmação dos boatos que diziam que a Defesa Civil passaria em sua casa.

Na Estrada do Cabuçu, a dona de casa Célia de Moraes, 52, se desdobrava para descer de seu barraco na parte que não desmoronou na madrugada de ontem.

Segundo Célia, a Defesa Civil havia informado do risco, mas a falta de documentos a impediu de ser beneficiada com o auxílio-aluguel oferecido. "Queriam me levar para um abrigo, mas não posso sair de perto do meu filho. Não tenho medo, agora só tem pedras, não cai mais", prevê otimista.

À frente, uma tubulação antiga de esgoto ruiu e tomou parcialmente a Estrada do Cabuçu, espalhando terra pela via.

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