Pacientes com covid-19 infectados pela variante Ômicron têm menor risco de hospitalização do que os que contraíram a Delta, de acordo com pesquisa do Imperial College de Londres divulgada nesta quarta, 22. A chance de internação com a nova cepa do coronavírus é entre 40% e 45% menor. A pesquisa analisou dados de casos confirmados por testes laboratoriais RT-PCR (o molecular, considerado mais preciso) na Inglaterra, entre 1.º e 14 de dezembro. Foram 56 mil diagnósticos de Ômicron e 269 mil de Delta estudados.
Cientistas ainda investigam se as vacinas em uso têm eficácia contra a Ômicron e se a nova versão do coronavírus causa quadros mais graves da doença. Embora haja indícios de que a cepa é mais contagiosa, porém não tão severa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado sobre os riscos de conclusões precipitadas sobre isso.
Os pesquisadores do Imperial College disseram que o risco dos pacientes com a nova linhagem terem de ir para o hospital é entre 20% e 25% menor do que os com a variante ainda dominante no mundo.
Indivíduos que já foram infectados pelo coronavírus têm risco menor de serem hospitalizados com a Ômicron e de contraírem a cepa originalmente detectada na África do Sul. A chance é entre 50% e 60% menor, apontou o estudo de Londres.
<b>Escape vacinal</b>
Ao mesmo tempo, os cientistas descobriram que "o risco de hospitalização é semelhante para Ômicron e Delta em pessoas com teste positivo para infecção que já receberam ao menos duas doses da vacina", o que "reflete a redução da eficácia das vacinas contra a Ômicron em comparação à Delta", disse o Imperial College, em nota. "Porém, o risco de hospitalização em pessoas vacinadas continua sendo menor do que em não vacinadas."
"Nossa análise fornece evidências de uma redução moderada no risco de hospitalização associada à variante Ômicron", disse o epidemiologista Neil Ferguson, um dos autores do estudo. O pesquisador acrescentou que, no entanto, "isso parece ser compensado pela eficácia reduzida das vacinas contra a infecção" da nova linhagem.
A epidemiologista Azra Ghani afirmou que, mesmo que a redução da chance de internação seja tranquilizadora, o "risco de infecção continua a ser extremamente elevado". "Com a adição da dose de reforço, as vacinas continuam a oferecer a melhor proteção contra a infecção e a hospitalização", disse.
<b>Mais estudos</b>
A pesquisa de Londres tem conclusões semelhantes às de um estudo sul-africano divulgado também ontem. A pesquisa indicou que pacientes diagnosticados com a nova cepa na África do Sul, entre 1.º de outubro e 30 de novembro, tiveram 80% menos probabilidade de parar no hospital do que os infectados com outras variantes.
Outro trabalho, realizado pelas universidades escocesas de Edimburgo e Strathclyde, estima que o risco de hospitalização pode ser reduzido em até dois terços com a nova variante, se comparada com a Delta. Os pesquisadores destacam que dados sobre o efeito da Ômicron em pessoas com mais de 60 anos e não vacinados são limitados, porém, a doença parece ser mais grave para eles.
Para chegar aos dados preliminares, o estudo escocês analisou 23.840 casos prováveis de covid causados pela nova cepa. Do total, 15 pacientes foram hospitalizados. Com a Delta, a estimativa de internação indica que seriam 47.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>