Economia

Risco de liquidez de curto prazo aumenta, mas segue em nível confortável, diz BC

O risco de liquidez de curto prazo do sistema bancário apresentou aumento no primeiro semestre de 2015 em relação ao anterior, mas permaneceu em nível confortável. A avaliação consta do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), divulgado nesta quinta-feira, 1º, pelo Banco Central.

Conforme a instituição, o risco de liquidez estrutural não se alterou, e as operações de longo prazo continuam suportadas por fontes de recursos estáveis. Segue baixa a também a dependência de recursos externos.

“O cenário de desaquecimento econômico, elevação de juros, condições menos favoráveis no nível de emprego e redução da confiança dos consumidores e dos empresários levou à redução na demanda por crédito e à adoção de critérios de concessão mais conservadores pelas instituições financeiras, contribuindo para reduzir a taxa de crescimento da carteira de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN)”, trouxe o documento.

Mesmo nesse ambiente, a inadimplência não apresentou aumento significativo até o encerramento do primeiro semestre, conforme o BC. Isso ocorreu, entretanto, por causa de cessões e renegociações de crédito, alertou a instituição.

Resistência a choques

De acordo com o REF, o sistema bancário brasileiro apresentou adequada capacidade de suportar efeitos de choques decorrentes de cenários adversos bem como de mudanças abruptas nas taxas de juros e de câmbio, na inadimplência ou nos preços dos imóveis residenciais.

O documento cita que a confortável situação de solvência do sistema pôde ser constatada pela estabilidade, no primeiro semestre de 2015, dos elevados níveis de capitalização e pelos resultados da simulação da plena implementação do arcabouço de Basileia III, da introdução do futuro requerimento de Razão de Alavancagem e dos testes de estresse.

Para o BC, o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) funcionou de forma eficiente e segura no primeiro semestre de 2015. “As análises de backtesting, periodicamente realizadas para os sistemas de compensação e de liquidação de transações com títulos, valores mobiliários, derivativos e moeda estrangeira, nos quais há uma entidade que atue como contraparte central (CPC), apresentaram resultados satisfatórios ao longo do semestre.”

Os demais sistemas de compensação e de liquidação de ativos também apresentaram funcionamento normal, de acordo com a instituição. Nos sistemas de transferência de fundos, a liquidez intradia agregada disponível continuou acima das necessidades das instituições financeiras participantes, o que garante que as liquidações ocorram com tranquilidade.

O REF lembrou que, no início do ano, foi editada a regulação do BC que disciplina as atividades de registro e de depósito centralizado de ativos financeiros Para a instituição, a consolidação desse novo arcabouço jurídico deverá agregar maior segurança às operações no âmbito do SPB, contribuindo positivamente no seu papel referente à estabilidade financeira. “No tocante a composição e evolução do segmento das instituições bancárias, destaca-se a ampliação da atuação brasileira no exterior, com a aquisição de um banco suíço”, mencionou o documento.

Quanto às instituições não bancárias, o REF destacou a continuação da redução no quantitativo de Cooperativas de Crédito, em razão de processos de incorporação e de liquidações ordinárias.

O nível de concentração no segmento bancário, medido pelo Índice de Herfindahl-Hirschman (IHH), manteve-se dentro do intervalo considerado como de moderada concentração. No primeiro semestre de 2015, foram adotadas medidas regulatórias alinhadas à manutenção da estabilidade e à ampliação da eficiência do sistema financeiro.

Provisões

O total de provisões dos bancos brasileiros no primeiro semestre continua significativamente superior à inadimplência, o que evidencia a resistência do sistema de crédito ante a piora do cenário macroeconômico, segundo avaliação REF.

Conforme o documento, a rentabilidade do sistema bancário aumentou, influenciada por maiores margens de intermediação, com destaque para ajustes nas taxas de concessão e resultados com tesouraria. “Em ambiente de condições econômicas adversas, os bancos enfrentam maiores perdas com provisões”, trouxe o REF.

O documento destaca, entretanto, que as instituições seguem direcionando esforços para ganhos de eficiência e buscando fontes diversas de receita, com incremento de rendas advindas do segmento de seguros, serviços, meios de pagamento e ampliação de outros resultados de participação societária na formação do lucro líquido.

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