A previsão de que o volume de chuvas no chamado período úmido ficará próximo à média histórica afasta, mas não elimina o risco de racionamento ao longo de 2015. A atual situação dos reservatórios na região Sudeste, abaixo de 20% da capacidade de armazenagem, sugere que qualquer incidência de chuvas abaixo das expectativas obrigará o governo brasileiro a agir para garantir o abastecimento ao mercado.
Até o final de abril, quando termina o chamado período chuvoso, o nível dos reservatórios precisará ultrapassar o patamar de 30% da capacidade de armazenagem no Sudeste para garantir ao Brasil condições de superar o período seco. Ainda assim, são grandes as chances de, em dezembro de 2015, o tema racionamento estar em pauta e a preocupação com o nível de chuvas durante o período úmido ser realidade novamente.
Há, neste momento, indicação de que o volume de chuvas no período úmido ficará próximo à média histórica ou levemente abaixo desse patamar. Confirmada a projeção, o nível de água armazenada nos reservatórios subirá até abril, garantindo condições de abastecimento elétrico durante o período seco – entre maio e outubro.
No mês passado, o diretor geral do Operador Nacional do Sistema (ONS) elétrico, Hermes Chipp, destacou que chuvas próximas a 70% da média histórica elevariam o nível dos reservatórios a 35% da capacidade ao final de abril. Caso esses mesmos 70% da média fossem mantidos no período seco, o nível dos reservatórios chegaria a 10% em novembro, um patamar ainda considerado aceitável para garantir o abastecimento nacional. Especialistas adotam tom mais cauteloso e afirmam que o volume de chuvas no período úmido precisará ficar em no mínimo 80% da média.
Como o nível de chuvas nos próximos quatro meses ainda é incerto, especialistas estimam que o risco de haver racionamento em 2015 oscila entre 10% e 20%. Entre duas e quatro vezes mais do que o risco de até 5% considerado aceitável pelo governo federal.
Térmicas
A diferença entre os números e a necessidade de recomposição dos reservatórios leva os especialistas a acreditarem que o ONS vai trabalhar com as térmicas acionadas durante grande parte do ano, tendo espaço para desligar as mais onerosas apenas em momentos favoráveis. O efeito dessa medida será percebido no custo da geração da energia e, consequentemente, nas tarifas de energia.
“A tendência é de que as condições hidrológicas não sejam tão diferentes daquelas de 2014. Será melhor, mas não muito melhor. E, ainda assim, chuvas na média não serão suficientes para a recomposição dos reservatórios”, afirma o diretor executivo da Safira Energia, Mikio Kawai Júnior. “Precisaremos passar o ano com as térmicas ligadas. Assim, devemos passar 2015 sem racionamento, mas isso significa que apenas postergaremos as dúvidas para 2016.”
Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, no início deste mês, a diretora de Produtos e Conteúdo da Climatempo, Patrícia Madeira, afirmou que o volume de chuvas entre novembro de 2014 e abril de 2015 deve ficar dentro d a média histórica. O período seco pode começar com chuvas mais fortes, mas depois deve consolidar números semelhantes àqueles alcançados historicamente.