Cidades

Roda de Conversa discute sobre a mulher negra e o mercado de trabalho

A 11ª Semana da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha – “Trajetória, afetividade e liderança” foi encerrada com uma roda de conversa, sobre a “Mulher negra no mundo do trabalho”, no auditório da Secel (Rua Claudino Barbosa, 313 – 5º andar – Macedo), na sexta-feira, dia 28. Para o encontro, a Secretaria de Assuntos Difusos e a subsecretaria de Igualdade Racial convidaram Ana Cristina Neves, empreendedora da Candaces Moda Afro; Denise Abrantes, professora e empreendedora da Negra Rainha; Margareth Augusta, graduada da Unifesp; Sandra Matos, historiadora, pedagoga, sindicalista e advogada; Silvana Inácio, jornalista e diretora da SI Comunicação; e Paula Souza, relações públicas e mediadora da roda. Durante toda a semana as reflexões e discussões reafirmaram o importante trabalho que será realizado pelo Centro de Referência da Igualdade Racial, inaugurado no dia 25 de julho e que  funcionará dentro do CEU Ponte Alta.
 
O subsecretário da Igualdade Racial, Anderson Guimarães, disse que pensar política pública no universo da igualdade é um enorme desafio. “Começamos o ano com pré-conferência e indicadores para garantir as ações. Com o aval do prefeito Guti, nós vamos seguir com as políticas públicas”, afirmou. Para potencializar as ações, Guimarães espera contar com uma rede de cooperação.
 
A secretária do Trabalho, Telma Cardia, que prestigiou a abertura da roda de conversa, informou que de janeiro a julho deste ano foram realizados 95 mil atendimentos em sua pasta, sendo que a maioria foi de mulheres negras, brancas e jovens. “O mercado tem vagas, mas as mulheres não conseguem colocação porque não têm o nível escolar exigido e nem a qualificação exigida pelas empresas”. De acordo com Telma, a Secretaria de Trabalho e a Secel atuam em parceria, oferecendo o EJA Profissionalizante. Além disso, abriram espaços nos equipamentos públicos para o projeto Economia Solidária. “O governo Guti dá abertura para que as secretarias possam romper as barreiras”, ressaltou.
 
As convidadas compartilharam experiências de vida, baseadas em dificuldades, persistência e superação, para vencerem os obstáculos impostos pela condição de serem mulheres e negras. Falaram também sobre o preconceito na sociedade e mercado de trabalho. Em comum ressaltaram a persistência para romper as barreiras.
 
Denise Abrantes disse que é diária a sua luta para romper conflitos das crianças, que começam na sala de aula, ainda na busca por espaço e identificação por seu biotipo. “Procuro trabalhar a autoestima das crianças e dos jovens, e na outra ponta desenvolver projetos de empreendedorismo às mulheres, com oficinas e palestras. Os resultados têm sido positivos, principalmente na mudança de comportamento”, afirmou.
 
A jornalista Silvana Inácio lembrou que é preciso fomentar o empreendedorismo entre as mulheres negras por questão de acesso. “Somente 0,6% dos cargos de lideranças nas empresas são preenchidos por mulheres negras”, disse. Outro dado apresentado é que os negros têm pouco acesso a créditos nos bancos para empreender. “Sem apoio não se consegue subir. O negro no Brasil precisa de investimento no potencial, pois demora aproximadamente 15 anos para chegar em um cargo de liderança”, enfatizou.
 
O secretário de Assuntos Difusos, Lameh Smeili, afirmou que a vivência da 11ª Semana da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha fortalece a luta em defesa de uma sociedade mais acessível e tolerante com a mulher negra. A realização de eventos como este tem por objetivo consolidar a visão humanista, independente de raça, cor, origem e gênero. “Embora a escravidão tenha sido de fato abolida, na prática continua existindo, principalmente contra as mulheres negras. Vivenciar estes eventos é justamente lutar pela liberdade e inserção no mercado de trabalho”, afirmou Lameh.
 
O Centro de Referência da Igualdade Racial funcionará dentro do CEU Ponte Alta (rua Pernambuco, 836, entrada pela rua Florestan Fernandes, s/nº, sala 12 – 1º andar, Ponte Alta, Guarulhos), de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h – fone 2408.5597.
 

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