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Roda Rico: como é andar na maior roda-gigante da América Latina

O rio, a marginal, milhares de prédios, algumas áreas verdes e até a mancha de poluição. Um tanto da cidade de São Paulo pode ser vista da janela da Roda Rico, a 91 metros de altura. Divulgada como a maior roda-gigante da América Latina, a estrutura foi inaugurada para autoridades e convidados na noite desta quinta-feira, 8, no Parque Candido Portinari, ao lado do Parque Villa-Lobos. A atração abriu para o público em geral nesta sexta-feira, 9.

O <b>Estadão</b> visitou o local nesta quinta-feira, pela manhã e tarde, quando dezenas de pessoas faziam trabalhos diversos, para entregar a obra a tempo, após adiamentos no começo deste semestre. Ainda havia guindaste em utilização no entorno, assim como materiais de construção e equipamentos pelo caminho.

Para cumprir o prazo, os trabalhos têm se estendido entre parte dos trabalhadores até pela madrugada, com pintura, paisagismo, limpeza e outros. Por volta das 17 horas, o funcionamento da estrutura para atender à imprensa foi autorizado.

Os ingressos custam a partir de R$ 50, com opção de meia-entrada a R$ 25, nos dias úteis. Nos fins de semana e feriados, a inteira parte de R$ 69,90 (até as 13h) e R$ 79,90 (a partir das 14h). Segundo a Interparques, que faz a gestão da estrutura, o espaço será pet friendly e aceitará animais domésticos de pequeno e médio portes. O passeio terá duração de 25 a 30 minutos.

A roda-gigante funcionará de terça a domingo, das 9h às 19h. Além do ingresso tradicional, também são comercializadas opções para cabine privativa, que comportam até oito pessoas, por valores de R$ 300 a R$ 350 (com bebidas), nos dias úteis, e R$ 370 a R$ 420, nos fins de semana e feriados. A venda inicial inclui entradas até 31 de janeiro, feita pela internet, na plataforma Sympla, e na bilheteria física.

A estrutura está nas imediações da Marginal do Pinheiros, com 42 cabines, ar condicionado, internet wi-fi, interfone, luzes e visão panorâmica da cidade. A montagem foi iniciada em meados de abril deste ano.

À noite, a roda-gigante terá uma iluminação cênica, que poderá mudar de acordo com datas e eventos especiais. Ela está em uma área de 4,5 mil metros quadrados, o que representa cerca de 3% da área do parque, que é estadual. No local, também há carrinhos para a venda de bebidas, pipoca, sorvete e açaí, além de uma cabine cênica, para fotos.

Há, ainda, uma loja de souvenir e lembrancinhas alusivos à roda-gigante, como chaveiros, canecas e copos. Em alguns, o equipamento é mostrado como um cartão-postal paulistano, junto ao Masp, à Catedral da Sé e a Estadão da Luz. Outros itens também trazem uma frase comumente compartilhada em redes sociais: "A vida é como uma roda-gigante, às vezes estamos no alto, às vezes estamos embaixo. O importante é sempre manter-se em movimento."

<b>Roda-gigante funcionará no local por até 10 anos</b>

Secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Fernando Chucre destaca que a roda-gigante faz parte de uma série de iniciativas voltadas ao Rio Pinheiros, como os trabalhos de despoluição, o Parque Linear Bruno Covas, a ciclovia da marginal e a remodelação em andamento da Usina de Traição para um complexo de lazer, lançadas na gestão João Doria (então no PSDB) . "É uma aposta importante do governo do Estado dentro do contexto do novo Rio Pinheiros."

No caso da roda-gigante, uma concorrência pública foi aberta em 2020 para selecionar a permissionária, que poderá manter o atrativo no Parque Cândido Portinari por até 10 anos. Inicialmente, a inauguração estava prevista para o fim de 2021.

Chucre avalia que a percepção da população sobre o rio está mudando, com os novos espaços em funcionamento e a redução no odor e presença de pernilongos. Como exemplo, cita o fluxo de cerca de 140 mil pessoas mensalmente nas ciclovias do Pinheiros. "Mostra que estamos no caminho certo."

Autora do projeto de implantação, a arquiteta e urbanista Adriana Levisky conta que a proposta é convidar os frequentadores a permanecerem na área de convivência criada no entorno da roda-gigante e nos Parques Candido Portinari e Villa-Lobos. Ela também vê o espaço como uma oportunidade de "descoberta" da cidade.

"Embasou muito a conceituação do projeto: trazer, a partir da experiência desse equipamento de grande altura, uma oportunidade de maior intimidade das pessoas com a cidade, em especial com a orla fluvial", descreve. "A roda-gigante está quase se debruçando no rio, dá essa condição de se sentir quase em cima do rio.

Ligada à BC Big Wheel, de Balneário Camboriú, a São Paulo Big Wheel (SPBW) fez a única oferta na concorrência pública. Ela terá de pagar R$ 141 mil mensais ou 10% do faturamento bruto, o que for maior, ao Estado. O edital também exige que a permissionária destine parte do total de ingressos para a população de baixa renda.

A implantação da roda-gigante foi criticada na época do edital de permissão de uso por parte dos moradores do entorno, como de Alto dos Pinheiros, Vila Leopoldina e City Boaçava. Esse tipo de atrativo tem ganhado espaço em capitais e cidades turísticas brasileiras nos últimos anos, como Rio, Foz do Iguaçu e Balneário Camboriú, inspiradas no exemplo da London Eye, de Londres, que tem 135 metros de altura, e outros exemplos internacionais.

A estrutura foi batizada de Roda Rico por meio de uma parceria com uma plataforma de investimentos, que deterá os naming rights, a exemplo do que ocorre em estádios de futebol e casas de shows. A Rico Investimentos também oferece desconto no ingresso para os seus clientes.

A expectativa é atrair cerca de 1 milhão de pessoas por ano. Sobre o contrato de naming rights, a empresa disse que os detalhes do contrato são privados.

Entre os locais visíveis do alto da roda-gigante, está o Pico do Jaraguá, o skyline de parte da cidade, a raia da USP, o tráfego de aviões e helicópteros e uma favela vizinha.

Marcelo Mugnaini, diretor de operações da Roda Rico, comenta que a venda por ingressos tem crescido, com as opções online esgotadas em horários próximos do pôr do sol e maior procura para os fins de semana. No caso do opção da cabine com bebidas, há oito opções, como refrigerantes, chope e cerveja. "Em alguns dias, já bookados."

Para Mugnaini, a "roda veio para ficar". Como exemplo, cita a London Eye, maior inspiração do projeto (além da roda-gigante de Balneário Camboriú, da mesma empresa), erguida para a celebração da virada do milênio, mas mantida após se tornar um dos símbolos da capital britânica.

Segundo o diretor, estão previstas ativações de marcas e também a transformação de uma estrutura utilizada na instalação em uma parede de escalada de 15 metros. "Tem tudo a ver. Tem a pista de skate (do parque) do lado."

Segundo ele, a empresa está em diálogo com a concessionária responsável pelo Parque Candido Portinari, para que os shows em uma área vizinha tenham o palco de costas para a roda-gigante, como pano de fundo dos eventos, a fim de consolidá-la na paisagem da cidade.

"As rodas-gigantes têm se tornado uma das maiores atrações no mundo. São muito inclusivas, remetem alegria, diversão. E as pessoas gostam da experiência, de ter um olhar diferente para cidade, de outro ângulo", avalia. Ele também acredita que as redes sociais influenciam na propagação desse tipo de equipamento nos últimos anos, por ser "instagramável".

Ele justifica os atrasos a dificuldades logísticas para importar alguns equipamentos, causada pela pandemia, a dificuldade para ter acesso a alguns equipamentos no país (como guindastes de maior porte) e a intempéries. "Precisa de um guindaste de 650 toneladas para erguer 1 tonelada. E o mesmo usado no monotrilho."

<b>Nova roda-gigante de SP</b>

Data de inauguração: 9 de dezembro

Horário: de terça a domingo, 9h às 19h

Endereço: Parque Cândido Portinari (Avenida Queiroz Filho, 1.365, distrito Alto de Pinheiros – São Paulo/SP)

Ingressos: a partir de R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada), com opções de cabine vip a partir de R$ 299

Venda digital: no Sympla (https://bileto.sympla.com.br/event/78537/d/169665/s/1140041)

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