Roger Waters usou as redes sociais para comentar as polêmicas envolvendo seu nome, após subir ao palco em Berlim, no dia 17 de maio, vestindo trajes nazistas. O cantor e compositor de 79 anos disse, por meio do Twitter, que sua performance foi uma "evidente declaração em oposição ao fascismo" e lembrou que a representação de um demagogo fascista é uma característica de seus shows desde <i>The wall</i>, do Pink Floyd, nos anos 1980.
"Minha recente apresentação em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me difamar e silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais. Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas. Tentativas de retratar esses elementos como outra coisa são engenhosas e politicamente motivadas", destacou.
Na última sexta-feira, 26, a polícia de Berlim revelou que está apurando o caso de incitação ao ódio público depois que Roger Waters se apresentou na capital alemã vestindo um longo casaco preto com faixas vermelhas, fazendo alusão ao uniforme de um oficial da SS. Ele ainda exibiu no telão nomes de várias pessoas mortas em decorrência de regimes autoritários, como Anne Frank, adolescente judia vítima do Holocausto; e Shireen Abu Akleh, jornalista palestino-americana da Al Jazeera que morreu em uma operação israelense em maio de 2022.
O protesto não foi bem visto por autoridades israelenses. O ministério das Relações Exteriores do País afirmou que o artista "profanou a memória de Anne Frank e de seis milhões de judeus assassinados no Holocausto". "Waters quer comparar Israel com os nazistas. Ele é um dos maiores críticos dos judeus de nossa época", escreveu no Twitter o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon.
De acordo com Martin Halweg, porta-voz da polícia local, a roupa usada pelo membro fundador da banda Pink Floyd pode ser interpretada como uma glorificação ou justificativa do regime nazista e, por isso, teria potencial para afetar a ordem pública. Após a conclusão da investigação, os resultados serão enviados ao Ministério Público para uma análise jurídica final. A promotoria decidirá se o músico britânico enfrentará ou não processo judicial.
Waters é um conhecido ativista pró-Palestina que já foi acusado de ter posições antijudaicas. Em seus shows, ele utiliza um porco inflável com a estrela de David. Também defende ações de boicote a produtos israelenses.