Em clássico marcado pelo grande desempenho dos goleiros, o Santos mostrou seu melhor futebol no Campeonato Paulista até agora, pressionou o São Paulo, mas não conseguiu deixar o gramado da Vila Belmiro com a vitória. O empate sem gols pode ser atribuído às intervenções de Rogério Ceni, que teve noite de gala nesta quarta-feira e anulou as seguidas chances dos anfitriões.
O resultado manteve as duas equipes na liderança dos seus respectivos grupos. O São Paulo, que detinha certo favoritismo por apresentar melhor performance nas primeiras rodadas, chegou aos 10 pontos, na primeira colocação do Grupo A, enquanto o Santos alcançou os oito pontos no Grupo D.
Para o time santista, o desempenho na Vila serviu para ganhar moral na sequência da competição, já que vinha sob desconfiança neste início de Paulistão. Já o São Paulo deixou o gramado sem convencer a torcida em seu primeiro teste – duelo contra um rival de respeito – na temporada.
O técnico Muricy Ramalho negava antes do clássico, mas a partida era encarada como grande teste antes da estreia na Copa Libertadores, na próxima semana. O adversário será mais um grande rival: o Corinthians. A partida está marcada para a quarta-feira, no Itaquerão, em São Paulo.
O JOGO – Santos e São Paulo fizeram um primeiro tempo digno de clássico nesta noite. Apesar da diferença entre os dois elencos – Enderson Moreira ainda sofre para remontar a equipe santista -, o duelo foi equilibrado na maior parte da etapa, com exceção dos primeiros minutos, dominados completamente pelo São Paulo.
Parecia até que o time de Muricy Ramalho jogava em casa. Controlava o meio-campo e impunha velocidade no ataque, principalmente com Luis Fabiano. O jovem Ewandro, testado pelo treinador no lugar de Alexandre Pato, não deixou a desejar e participou de boas jogadas. Em um dos melhores lances do ataque são-paulino na partida, Ganso acionou Ewandro, que ajeitou de letra para Luis Fabiano, que bateu fraco, aos 23.
O São Paulo, contudo, não aproveitou o momento favorável. Logo o Santos reagiu ao retomar os espaços do gramado e atacar com maior agressividade. As tentativas de ligação direta com Robinho deram lugar a jogadas individuais, quase sempre pela direita, colocando pressão no lateral Reinaldo. Aos 26, Geuvânio deu trabalho para a zaga rival e exigiu boa defesa de Rogério Ceni. Aos 35, foi a vez de Victor Ferraz fazer fila no setor. Ele cruzou rasteiro para Ricardo Oliveira, que não alcançou a bola e desperdiçou ótima oportunidade.
A partir dos 30, as duas equipes aumentaram a intensidade e alternaram grandes momentos. O Santos teve duas chances em sequência aos 32, quando Chiquinho encheu o pé em cobrança de falta. Rogério espalmou e, no rebote, Robinho bateu com perigo. A resposta do São Paulo veio com finalização rasteira de Ganso. Vanderlei pulou no canto para evitar o gol dos visitantes. Tanto o goleiro santista quanto Rogério Ceni foram os grandes destaques da etapa inicial.
O segundo tempo começou na mesma velocidade dos minutos finais do primeiro. Sem perder tempo, o Santos partiu para o ataque e tratou de envolver o São Paulo como vinha fazendo na partida. Mas o volume de jogo não era acompanhado de jogadas mais agudas. Num lance mais perigoso, Geuvânio investiu pela direita e bateu forte. Rogério Ceni salvou, aos 6 minutos.
O jogo ficou ainda mais quente aos 13, quando Denilson atingiu Ricardo Oliveira dentro da área e a torcida pediu pênalti. O árbitro mandou o lance seguir e causou revolta na arquibancada da Vila. Nervosos em campo, os jogadores do Santos refletiam a irritação em campo.
Aos 15, Muricy trocou Ewandro por Pato e o São Paulo ganhou mais corpo no ataque. As jogadas mais consistentes do primeiro tempo, contudo, não se repetiram na nova etapa. O contra-ataque são-paulino só assustava a defesa santista, sem gerar lances de maior perigo.
Na defesa, o time visitante continuava a ter dificuldade para neutralizar a pressão anfitriã. Aos 31 minutos, Rogério Ceni precisou fazer um milagre para evitar o gol. O goleiro fez duas defesas incríveis em sequência, ao parar chutes de Marquinhos Gabriel e Renato, quando o Santos cercava a pequena área são-paulina.
Foi o grande momento do segundo tempo e o resumo da partida, marcada pela maior iniciativa santista e pelo maior trabalho realizado pela defesa visitante.
FICHA TÉCNICA:
SANTOS 0 x 0 SÃO PAULO
SANTOS – Vanderlei; Victor Ferraz, Werley, David Braz e Chiquinho; Alison, Renato e Lucas Lima (Elano); Geuvânio, Ricardo Oliveira (Marquinhos Gabriel) e Robinho (Lucas Crispim). Técnico: Enderson Moreira.
SÃO PAULO – Rogério Ceni; Bruno, Rafael Toloi, Lucão e Reinaldo; Denilson, Souza, Michel Bastos e Ganso; Ewandro (Alexandre Pato) e Luis Fabiano (Alan Kardec). Técnico: Muricy Ramalho.
CARTÕES AMARELOS – David Braz, Rafael Toloi, Robinho, Reinaldo, Luis Fabiano, Elano.
ÁRBITRO – Leandro Bizzio Marinho.
RENDA – R$ 269.545,00.
PÚBLICO – 8.867 pagantes.
LOCAL – Estádio da Vila Belmiro, em Santos (SP).