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Roland Garros corre para agilizar reforma, amenizar críticas e receber Olimpíada

Encerrada a edição 2017 de Roland Garros, o torneio francês volta a “fechar suas cortinas” para a sequência da reforma que deve modernizar o seu complexo em Paris e amenizar as críticas ao mais acanhado palco entre os quatro que abrigam competições do Grand Slam do tênis – os outros três ficam em Melbourne (Aberto da Austrália), Londres (Wimbledon) e Nova York (US Open). Um conflito na Justiça, contudo, mantém uma sombra sobre a renovação da estrutura que é uma das referências da candidatura da capital francesa para sediar os Jogos Olímpicos de 2024.

A um custo de 350 milhões de euros (cerca de R$ 1,3 bilhão), a reforma é uma demanda antiga da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês), dos fãs, jornalistas e até dos tenistas. Não por acaso. O espaço físico que recebe o Grand Slam em Paris é o menor em comparação aos do Aberto da Austrália, de Wimbledon e do US Open. Além disso, Roland Garros ficou para trás na disputa tecnológica que existe entre os quatro principais torneios do circuito.

Os outros três já contam com ao menos uma quadra com teto retrátil, para reduzir os atrasos em razão de eventual chuva ao longo da competição, além de área mais ampla. Uma das principais críticas ao Grand Slam francês é o espaço “apertado” entre as quadras e os territórios de hospitalidade e convívio para os fãs.

Para atender estas demandas, a Federação Francesa de Tênis (FFT) decidiu em 2011 ampliar o espaço do complexo no bairro de Auteuil, ao invés de transferir o torneio para fora de Paris – o fácil acesso é uma das vantagens de Roland Garros em comparação aos demais torneios. Pela definição da FFT em parceria com a Prefeitura de Paris, decidiu-se pelo avanço do torneio ao território vizinho a leste, onde fica o Jardins des Serres, área verde, recheada de estufas, à beira do Bois de Boulogne, segundo maior parque da capital.

A ideia enfrentou resistência de vizinhos (insatisfeitos com os futuros jogos noturnos na competição) e ecologistas porque a reforma prevê a destruição de algumas estufas para erguer nova quadra no local. Foram seguidos estudos e ações na Justiça para barrar o começo da reforma, que enfim foi iniciada em 2016. Uma decisão judicial chegou a interromper as obras por três meses, mas a FFT obteve vitória na Justiça em fevereiro e conseguiu finalizar a primeira etapa a tempo de realizar o torneio em 2017 sem sobressaltos.

O triunfo, contudo, foi provisório. Um recurso, a ser julgado em dezembro, ainda pode sabotar a reforma, apesar do início das obras para a construção da quadra nova. Mas a FFT mantém o otimismo. “Não consigo imaginar uma decisão desfavorável”, diz o presidente da entidade, Bernard Giudicelli.

Ele diz sustentar sua confiança no apoio que o novo presidente da República, Emmanuel Macron, demonstrou à candidatura olímpica de Paris. “Estamos na briga pela Olimpíada e os Jogos são o mais importante para a França e para o presidente hoje”, afirma o dirigente esportivo, alegando que a reforma “é um projeto de interesse geral”. Paris disputa com Los Angeles a sede da Olimpíada de 2024, que será definida no próximo dia 13 de setembro.

GRANDES REFORMAS – As obras em Roland Garros consistem em cinco grandes mudanças no complexo. A maior delas é a construção da quadra nova, chamada de Corte des Serres, no meio do jardim botânico vizinho ao atual complexo. A FFT promete manter a “identidade” da área verde ao erguer uma quadra estilizada, com estrutura que lembra uma estufa. Haverá ainda a restauração de prédio histórico que dará apoio à nova arena. A Corte des Serres será a terceira maior do complexo, com capacidade para 5 mil torcedores. Vai substituir em importância e tamanho a quadra 1, que será destruída ao longo da reforma.

Outra alteração considerável será a ampliação da Philippe Chatrier, a quadra central. O estádio ficará maior para receber o teto retrátil, porém não ganhará maior capacidade de público, que hoje é de 15 mil torcedores. A federação promete maior espaço e conforto entre os assentos e uma área de hospitalidade mais ampla.

Ao lado esquerdo do estádio ficará o novo prédio da organização, que facilitará a gestão do torneio. A partir dele surgirá uma rede de túneis subterrâneos que vai ligar as duas quadras principais e servir de caminho para os tenistas até a quadra 14, sem precisar circularem entre os torcedores ao ar livre.

Do lado direito, outra mudança será a ampliação da Praça dos Mosqueteiros, que vai alcançar também o espaço onde fica atualmente a quadra 1. O local, que hoje conta com um telão e espaço para alimentação, terá área mais verde e será aberto ao público ao longo do ano, ao contrário do restante do complexo.

Por fim, a federação vai renovar o trecho mais a oeste do complexo. Onde hoje há quadras duras no futuro dará lugar a outras novas de saibro, uma delas podendo receber até 2,2 mil torcedores no local.

PRÓXIMAS ETAPAS – Cada mudança será realizada em etapas, até 2020, para que o torneio possa continuar a ser disputado normalmente nos próximos anos. Cada etapa terá duração de dez meses, entre uma edição e outra da competição. Para o ano que vem, Roland Garros já terá o prédio da organização pronto, as quadras 7 e 9 reformadas, além da nova quadra no lado oeste.

Em 2019, está prevista a entrega da Philippe Chatrier com nova estrutura e arquibancada maior. Porém, ainda sem o teto retrátil, prometido somente para o ano seguinte. A Corte des Serres e as quadras 10, 11, 12, 13, 15 e 16 também ficarão prontas para 2019.

Com esta estrutura, Roland Garros estaria totalmente pronto em 2020 para receber a eventual Olimpíada de 2024. Pelo projeto da candidatura parisiense, o complexo receberia jogos de tênis e também a competição de boxe, na quadra Suzanne Lenglen, a segunda maior do torneio, com capacidade para 10 mil espectadores.

Pelo saldo final da reforma, o Grand Slam teria a sua área ampliada de 8,5 para 11,16 hectares durante o torneio. A capacidade de público passaria de 37,5 mil para 40 mil torcedores. Mas, curiosamente, o número de quadras será reduzido de 20 para 18 quadras ao fim de todo o processo de renovação do complexo.

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