O novo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), assumiu o cargo pedindo socorro ao Palácio do Planalto para sair da crise nas contas públicas deixada por Agnelo Queiroz (PT). Ele pediu à presidente Dilma Rousseff a liberação de R$ 412 milhões para quitar dívidas e salários atrasados de servidores. A solicitação ocorre após o socialista ter atuado na campanha como cabo eleitoral dos presidenciáveis Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), derrotados na corrida ao Planalto.
O atendimento ao pedido pode moldar o tom de oposição que o PSB deve assumir no segundo mandato de Dilma. O partido deixou a base de apoio da petista para lançar o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos à Presidência de República. Depois, com a morte de Campos em acidente aéreo, a legenda disputou com Marina – ela não compareceu à posse de Rollemberg. O PSB apoiou Aécio no segundo turno.
As derrotas levaram Rollemberg a buscar uma declaração de neutralidade por parte do PSB no jogo político do Congresso Nacional na segunda gestão Dilma. A legenda, contudo, decidiu se colocar como oposição. Mas o novo governador distrital obteve o compromisso de que o partido tentará manter um relacionamento amistoso com Dilma.
Crise
O bom relacionamento com o governo federal será vital para a gestão de Rollemberg, cujo principal desafio é superar uma grave crise nas contas públicas – que tem um rombo estimado por sua equipe de transição em R$ 3,8 bilhões. A situação financeira do Distrito Federal se agravou depois das eleições. Somente após o pleito, no qual Queiroz saiu derrotado, ficando fora do segundo turno, é que a situação foi revelada.
“Vivemos uma crise sem precedentes. A cidade está destroçada, os serviços deteriorados, os servidores chegaram ao final do ano sem receber o que lhes é devido”, afirmou. “Esse quadro lamentável é visível a olho nu. A situação econômica é grave, gravíssima, séria, seriíssima. Vivemos o maior desequilíbrio orçamentário de Brasília”, disse, defendendo uma “gestão austera”.
Queiroz encerrou o mandato único atrasando salários de servidores, além do pagamento de fornecedores e de empresas de ônibus. Ele deixou o governo sob vaias de professores da rede pública de ensino e profissionais da área de saúde, que protestaram hoje em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo local, contra o atraso no pagamento do 13º salário e férias, durante a cerimônia de transmissão de cargo.
Em seu discurso de posse, Rollemberg alfinetou Queiroz ao defender o resgate da imagem de Brasília e afirmar que a cidade não é reduto de corrupção como se imagina no País. “Brasília não pode continuar sendo identificada pela corrupção, os desmandos e a ineficiência da gestão pública”, afirmou.
Foi neste contexto que ele anunciou o pedido de socorro à Dilma. “Se conseguirmos o adiantamento da segunda parcela do fundo constitucional (formado com recursos da União para Estados e municípios), vamos garantir o adiantamento de receita antes das despesas”, disse. “Essa é a prioridade: tentar regularizar os pagamentos e, depois, os serviços das áreas essenciais como saúde, mobilidade urbana e educação”, afirmou Rollemberg.