Opinião

Rolo compressor de Dilma dá primeira mostra

Com a concordância de 361 deputados federais, a presidente Dilma Rousseff saiu vencedora de sua primeira grande votação na Câmara Federal. As bancadas do PT e do PMDB, as duas maiores da Casa, garantiram, com apoio de outros partidos aliados, a aprovação da proposta de R$ 545 para o salário mínimo neste ano, após a rejeição de duas emendas da oposição. A proposta segue para o Senado, onde a decisão deve ser feita na próxima semana.  Se não sofrer alterações, deve ser sancionada até o fim do mês no Palácio do Planalto.


Até chegar a esse resultado expressivo, que serviu para demonstrar que Dilma tem o Congresso nas mãos, como já era anunciado desde os resultados das eleições de 2010, houve pressões por todos os lados. O governo, apesar da vitória certa, exerceu toda sua influência sobre os parlamentares, inclusive com a ameaça de demitir ministros ligados a partidos aliados que preferiram não fechar questão com o que já havia sido definido. O PDT, que abriga diferentes lideranças sindicais, ficou em maus lençois, sob o risco de  perder a pasta mais importante para a sigla, o Trabalho.


O único temor do governo era exatamente o fato das centrais sindicais, velhas companheiras de campanhas, conseguirem convencer a maioria sobre a elevação do salário mínimo a R$ 560. Era uma briga direta contra o fogo amigo, já que a proposta do PSDB, de passar para R$ 600,00, conforme era a proposta do candidato a presidente José Serra, encontrava dificuldades de emplacar até mesmo dentro do principal partido de oposição da Casa.


Agora, o projeto vai para o Senado, onde a vitória governista deve se repetir na próxima quarta-feira, quando será votado em regime de urgência. O PSDB, por sua vez, para se firmar um pouco mais, garante que utilizará a mesma estratégia da Câmara. Defenderá até o último instante o mínimo de R$ 600,00.  Não vai emplacar, óbvio.


Mas, fora a força governista, o embate sobre o salário mínimo revela como o poder muda o comportamento de pessoas. O deputado Vicentinho (PT-SP), um dos maiores líderes sindicais depois do ex-presidente Lula, acabaou sendo vaiado por velhos companheiros justamente por defender a proposta governista de um mínimo menor. Antes de ser governo, essa postura era inimaginável. Já o deputado Paulinho (PDT), eterno líder da Força Sindical, como forma de se manter fiel a suas bases, foi levado a “rachar” com a máquina, pelo menos para fazer barulho. Se bem que os R$ 15 a mais que tanto defendeu, nem de longe expressava a necessidade dos trabalhadores.


Também vale chamar a atenção para uma decisão, bastante criticada por alguém que ainda se coloca como um oposicionista de verdade, o deputado Roberto Freire (PPS). Com a aprovação, da forma como foi proposta pelo governo, o aumento real do salário mínimo ficou para o ano que vem e poderá ser feito por meio de um decreto presidencial. E que ninguém se esqueça de que 2012 é um ano eleitoral, quando o PT e seus aliados farão de tudo para expandir suas frentes para os municípios dos quatro cantos do país. O cheque em branco já foi assinado. 


 


 

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