<i>Ébano Sobre os Canaviais</i>, um romance que remonta ao século 19 e começa com a história de amor entre um imigrante português e uma mulher alforriada, escrito por Adriana Vieira Lomar, venceu o Prêmio Kindle de Literatura 2023, promovido pela Amazon e Grupo Record. O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira, 27, em cerimônia no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
Nascida em 1968, no Rio de Janeiro, Adriana cresceu em Maceió e é autora, ainda, de Aldeia dos Mortos, publicado pela Patuá em 2020, e de Ambiguidades, que saiu pela Penalux em 2021.
O júri que elegeu <i>Ébano Sobre os Canaviais</i> como o melhor romance do 7º Prêmio Kindle foi formado por Sueli Carneiro, filósofa e ativista do movimento social negro; pela escritora Ana Maria Gonçalves, autora de Um Defeito de Cor; e pelo escritor Jeferson Tenório, autor de O Avesso da Pele.
Adriana Vieira Lomar ganhou R$ 50 mil – R$ 40 mil como premiação e R$ 10 mil como adiantamento de direitos autorais. O prêmio prevê a publicação do livro vencedor na versão impressa, pela editora José Olympio, do Grupo Record. O romance e todos os demais concorrentes estão disponíveis na versão digital na Amazon. Os outros finalistas foram Alice Betânia Miranda, com<i> Meus Sertões de Você</i>; Andre L. Braga, com <i>Onde Pousam Os Urubus</i>; Jadna Alana, com <i>Se Tu Me Quisesse</i>; e Walther Moreira Santos, autor de <i>O Piloto</i>.
<b> Ébano Sobre os Canaviais </b>
O livro conta a história de José, um garoto de 13 anos que no fim do século 19 foge de Portugal assolado pela peste, rumo ao Recife. Adotado pelo cônsul Henrique e sua esposa Sara, termina os estudos e se torna caixeiro viajante. Ele se apaixona por Ébano, uma jovem alforriada e filha da escravizada Shakina. Apesar de Ébano ser livre, a sociedade recrimina a união do casal por ele ser branco e ela, preta. Da união, nasce Zeca. Pressionada pela comunidade local, Ébano renuncia à maternidade e José foca na educação do filho e nos negócios. Conhece, na maturidade, a filha de uma baronesa e termina seus anos como um rico comerciante na pequena vila. E José se torna proprietário de um engenho de cana de açúcar.
O tempo passa e a história encontra, já no século 21, Maria Antonieta. Racista, ela acredita ser descendente de uma baronesa e de José. Ao se ver só, separada do marido provedor, trilha uma jornada de autoconhecimento culminando na descoberta de sua verdadeira origem.
<b>O que o júri disse sobre o livro vencedor</b>
"Três histórias em uma. Vidas que se entrelaçam desde o tempo da escravidão e imigrantes portugueses. A difícil vida de negros que são escravizados, a dura realidade de imigrantes portugueses que chegam ao Brasil. Um texto detalhado, rico, uma história muito bem contada, desenhada, envolvente e que faz você sentir todos os dramas e angústias de seus personagens", comentou a jurada Sueli Carneiro sobre o enredo da obra vencedora, em nota.
Já Jeferson Tenório, também membro do júri, analisou a técnica da narrativa empregada pela autora: "o livro carrega uma estrutura narrativa sofisticada e dinâmica, costurando tempos diversos e, desse modo, construindo um panorama do processo escravista no Brasil através da ficção. Traz também aspectos interessantes como a memória e a ancestralidade. Além disso, as personagens apresentam complexidade e profundidade necessárias, como é o caso de José, Ébano e Maria Antonieta. A linguagem é bem construída e apresenta uma aparente simplicidade e lirismo o que deixa o texto fluído e com qualidade linguística".
<b>Os vencedores do Prêmio Kindle</b>
Desde sua criação, o Prêmio Kindle já reconheceu e revelou os seguintes autores e romance publicados, no início, pela Nova Fronteira e há três edições pelo Grupo Record
2017: Gisele Mirabai, por <i>Machamba</i>
2018: Mauro Maciel, por <i>O Memorial do Desterro</i>
2019: Eliana Cardoso, por <i>Dama de Paus</i>
2020: Barbara Nonato, por <i>Dias Vazios</i>
2021: Marília Arnaud, por <i>O Pássaro Secreto</i>
2022: Vanessa Passos, por <i>A Filha Primitiva</i>