Opinião

Rombo no Panamericano é coberto com dinheiro do povo


Quando o escândalo em torno do banco Panamericano explodiu no final do ano passado, poucas semanas após as eleições presidenciais, muito se falou que o empresário e apresentador Silvio Santos, mandatário daquela instituição financeira, havia quebrado. Até o SBT, uma das maiores redes de televisão do Brasil, ficou ameaçada de ruir junto ao império do homem que se notabilizou por seu Baú da Felicidade.


 


O drama do Panamericano começou em setembro, quando a fiscalização do Banco Central descobriu que a instituição privada tinha um buraco de R$ 2,5 bilhões. Silvio Santos tomou um empréstimo no FGC, fundo criado pelos bancos para garantir parte do dinheiro dos depositantes em caso de quebra de alguma instituição, e deu o patrimônio como garantia. A diretoria responsável pelo rombo foi demitida e os novos administradores descobriram que o rombo era cerca de R$ 1,5 bilhão maior, o que colocava em risco a sobrevivência da instituição. Sem alternativa, Silvio vendeu o banco para o BTG.


 


Porém, o problema de caixa do banco Panamericano foi ainda maior do que o rombo bilionário divulgado até agora. Além do buraco de R$ 3,8 bilhões, provocado principalmente por fraudes contábeis, depois que o balanço foi colocado em ordem apareceu um prejuízo de cerca de R$ 500 milhões. Em números redondos, isso aumentou de R$ 4 bilhões para cerca de R$ 4,3 bilhões a injeção de dinheiro feita para acertar as contas do banco antes da venda do controle para o BTG Pactual, na terça-feira.


 


Porém, quem pensa que esse dinheiro todo será coberto com recursos da iniciativa privada está redondamente enganado. Antes de afundar, Silvio Santos – que nos últimos anos – aproximou-se do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – ganhou como sócia em seu falido bando ninguém menos que a estatal Caixa Econômica Federal, que entrou no negócio apesar dos vários indícios de que as coisas não iam bem por aqueles lados. Curiosamente, a marca do Panamericano foi estampada na camisa do Corinthians, em um patrocínio que nasceu na parceria com o torcedor tido como mais ilustre do clube, o presidente da República.


 


Apesar de tudo ter ocorrido antes das eleições presidenciais, o escândalo só veio à tona após Dilma Roussef vencer nas urnas. E agora, ela terá que administrar os rombos de forma indireta já que a Caixa – que opera basicamente com dinheiro público (dinheiro do povo) – participará diretamente da cobertura dos prejuízos.


 


O Panamericano vai receber dinheiro novo para operar. A Caixa comprometeu-se com o BTG a disponibilizar até R$ 10 bilhões em linhas de crédito nos próximos anos, enquanto o BTG deverá colocar outros R$ 4 bilhões. Depois de tudo isso, Silvio Santos, que cogitou até vender o SBT para sanar o rombo, passou adiante a instituição. Mas preservou seu patrimônio, já que se livrou das dívidas com o FGC. Diante de tudo isso, fica fácil perceber que o verdadeiro financiador de todo esse esquema é exatamente você, nobre leitor.


 

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