Rondônia não tem mais leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19

O sistema de saúde de Rondônia chegou ao limite: todos os 317 leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19 estão ocupados. São 690 pacientes internados em unidades de terapia intensiva e leitos clínicos, 15 mil casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus e 246 em análise. Desde o início da pandemia, o Estado já registrou 146 mil casos e 2.800 mil óbitos.

Em sua última postagem nas redes sociais, o secretário estadual de Saúde, Fernando Máximo, chamou a atenção para a gravidade da situação: "Todos os mais de 300 leitos de UTI que foram criados exclusivamente para atendimentos de pacientes com covid-19 estão lotados. E nós temos fila de espera neste momento. Nós mandamos mais de 90 pacientes para outros Estados, mais de 60 entubados em UTIs aéreas, e os Estados lá fora não estão mais cedendo vagas, porque eles não têm. As taxas de UTIs deles também estão aumentando".

A empresária Geisse Xavier relatou a batalha para conseguir um leito de UTI para a mãe de 55 anos, Olinda Xavier, residente do município de Guajará-Mirim. "Minha mãe foi internada no domingo, por falta de oxigenação no pulmão. Hoje, ela está sendo transferida para Porto Velho, pois o caso dela agravou. Ficamos uma semana, com o caso dela agravando em Guajará. Os médicos fazendo fisioterapia e ela lutando pela vida. Depois de uma semana de espera, conseguimos uma vaga de UTI na capital", contou Geisse.

<b>Mudança no perfil de pacientes</b>

O governo de Rondônia divulgou que dados do e-SUS, entre 1 de abril de 2020 até 24 de fevereiro de 2021 apontam que cerca de 44,85% das mortes em Rondônia ocasionadas pela covid-19 são de pessoas sem comorbidade alguma, o que representa 1.250 pessoas relativamente saudáveis que foram a óbito exclusivamente por causa do coronavírus, enquanto 55,15% dos mortos, ou seja, 1.537 pessoas, apresentavam doenças preexistentes.

"Uma mudança na evolução para os casos moderados e graves, nesse último período, final de dezembro, janeiro e agora em fevereiro, em que as pessoas estão evoluindo de forma mais rápida e com perfil diferenciado, com faixa etária diferenciada, fora daquele grupo de risco. Essa mudança é perceptível nos dados diários das secretárias e conversando com os profissionais que estão atendendo na linha de frente", relata a virologista e pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Rondônia Deusilene Vieira.

A virologista ainda reforça que neste momento é difícil estimar se os casos irão diminuir ou aumentar, mas que ainda são reflexos de dezembro e janeiro. "É observado que as pessoas saem do Estado no final de dezembro e retornam no final de janeiro, início de fevereiro. Então percebemos pelo deslocamento aéreo, terrestre, que as pessoas continuaram mantendo essa mesma características, então é comum observamos esse aumento no número de casos. Acredito que deva permanecer por mais algumas semanas, com uma tendência de diminuir se as medidas restritivas forem aplicadas corretamente", diz Deusilene.

<b>Medidas restritivas</b>

Há 13 dias foi publicado o Decreto nº 25.831, que determinou uma série de ações em conjunto, entre elas, o Isolamento Social Restritivo. Todos os municípios do Estado foram enquadrados na Fase 1 do Plano Todos por Rondônia.

A entrada de pessoas em restaurantes é permitida até as 21h e o funcionamento do estabelecimento até as 22h. Após esse horário, somente entregas por meio de delivery. É proibida a abertura de balneários, bares, boates, casas de shows e congêneres, inclusive o aluguel de clubes, propriedades ou edificações com a mesma finalidade, bem como a realização de festas privadas.

"O preço da desobediência deste decreto é alto. A população precisa ter a noção de que não é uma legislação que para o vírus, e sim, o comportamento e a conscientização", afirmou o estrategista de dados da Casa Civil, Caio Nemeth.

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