A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e coordenadora da trilha financeira do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), Tatiana Rosito, disse há pouco que os objetivos da presidência temporária do Brasil no grupo com relação à cooperação internacional na área de tributação foram "alcançados".
Segundo Rosito, além do comunicado de ministros da Fazenda e de um texto paralelo sobre geopolítica, há "alta probabilidade" de publicação de um terceiro documento específico sobre o tema. Rosito concedeu entrevista coletiva há pouco, durante o primeiro dia de reuniões do G20 financeiro, em hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ela reiterou que acredita firmemente na publicação desse terceiro documento, ainda que se saiba da existência de resistência de alguns países ao tema.
Os textos foram fechados em nível técnico ontem e, hoje e amanhã, passam pelo escrutínio dos ministros do bloco e dos países convidados.
"Prefiro não comentar os termos (dos documentos) porque a reunião ainda não se concluiu. Concluímos trabalhos técnicos relativos ao comunicado da reunião, que será submetido aos ministros. Podemos dizer que objetivos foram alcançados", se limitou a dizer.
Mais cedo, a secretária do tesouro americano, Janet Yellen, sugeriu que o tema da tributação progressiva é caro ao governo dos Estados Unidos, mas disse que se trata de uma negociação difícil e que não é "necessário ou desejável" um acordo global. Nos últimos dias, o presidente Lula e ministros, incluindo Fernando Haddad, da Fazenda, têm falado favoravelmente a uma taxação global de bilionários cuja arrecadação seja direcionada ao enfrentamento das mudanças climáticas.
<b>Agenda</b>
Rosito apresentou o cronograma do evento para hoje e amanhã, quando o G20 financeiro do Rio se encerra. "A reunião se iniciou hoje pela manhã com uma discussão sobre a economia global, perspectivas de crescimento, desinflação, emprego e redução das desigualdades, um tema colocado pela presidência brasileira e que encontrou grande aceitação", disse
Na parte da tarde, haverá uma reunião sobre cooperação internacional na área de tributação, um dos temas mais caros ao Brasil na área financeira e que tem encontrado resistência. À noite, haverá um jantar de boas-vindas para os participantes, que será sobre tema de florestas.
Amanhã a agenda vai se concentrar no tema de financiamento sustentável. "Vamos discutir temas relativos ao grupo de trabalho de finanças sustentáveis", explicou, enfatizando a proposta brasileira de revisão dos fundos multilaterais climáticos, discussão sobre a força tarefa de clima e sobre infraestrutura resiliente. A embaixadora enfatizou que este é um tema importante e lembrou que o País passou pela tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul e, depois, a seca no Pantanal. Também serão discutidos a arquitetura do financiamento global, dívidas, fluxo de capitais para emergentes e reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento.
Rosito mencionou que há 77 delegações inscritas para as reuniões de hoje e amanhã entre países membros, convidados e organizações internacionais, levando em consideração que há equipes tanto de Finanças quanto de bancos centrais.