O ministro da Controladoria-Geral da República (CGU), Wagner Rosário, desafiou senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a provar que foi omisso na investigação do contrato da Covaxin e discutiu com parlamentares durante depoimento nesta terça-feira, 21.
A postura de Rosário levou integrantes da CPI a apontarem contradições na versão do ministro. O chefe da CGU afirmou que o órgão não barrou a aquisição da Covaxin porque verificou que o preço das doses no site da fabricante indiana Bharat Biontech estava em linha com o valor negociado com o Ministério da Saúde.
Além disso, o ministro afirmou que só soube de suspeitas de irregularidades em junho deste ano, após revelação do caso pela imprensa, e que não verificou superfaturamento. Wagner Rosário se ancorou no argumento de que só haveria possibilidade de superfaturamento caso o governo tivesse efetivamente pago a despesa.
"Mostre um documento que mostre que a CGU disse que o contrato era regular, tudo bem, a gente assume", disse Wagner Rosário para o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). "Irregularidades, sim, se o senhor sabia antes, ótimo", afirmou o ministro em outra ocasião, ao falar que só soube das suspeitas em junho deste ano.
O contrato do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos para a compra da Covaxin é um dos principais focos da CPI. O processo de aquisição de 20 milhões de doses por R$ 1,6 bilhão foi cancelado após o avanço das investigações. Na semana passada, Omar Aziz acusou Wagner Rosário de prevaricação.
"Não é para comprar água, não, é para comprar a vacina", disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ao questionar a postura da CGU, nesta terça. "O parâmetro que a CGU utilizou foi o site da empresa. Isso é uma coisa ridícula", declarou Renan Calheiros, ao criticar a atuação do órgão para verificar os aspectos da contratação.
Outro aspecto questionado foi o sigilo imposto pelo Ministério da Saúde no processo de compra da Covaxin. "Esse sigilo faz parte do processo", disse o chefe da CGU. "Pelo amor de Deus, ministro…", rebateu a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Os integrantes do grupo majoritário apontaram uma tentativa de Wagner Rosário de blindar o presidente Jair Bolsonaro no depoimento.
Em outro momento, Wagner Rogério negou que houvesse sido decretado um sigilo de cem anos. "Quem decretou sigilo de cem anos? Você tá repetindo coisas que não tem relação com a verdade", disse o ministro a Renan. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que presidia a reunião nesse momento, chamou a atenção do depoente. "Baixe a bola!"