Rotina de jogo do Alemão tem veto a bufê, ônibus separados e hospedagem especial

Os cuidados na Alemanha para se retomar o futebol depois da paralisação pela pandemia do novo coronavírus vão bem além de não ter comemorações de gols, disputar partidas com estádios sem torcida ou de colocar os reservas com máscara. O país disputa no próximo fim de semana a sexta rodada depois da retomada do calendário com um protocolo rígido em prática e preocupações desde a hospedagem e deslocamento até a distribuição dos locais de banho no vestiário.

Quem contou todos esses detalhes ao Estadão em entrevista exclusiva foi o atacante Victor Sá, titular do Wolfsburg. O jogador de 26 anos foi revelado no Primeira Camisa, projeto comandado pelo ex-zagueiro Roque Júnior, e passou pela base do Palmeiras e vários times do interior paulista antes de se transferir para a Áustria, onde ficou quatro anos. No meio do ano passado, Victor se transferiu para o clube atual, localizado na cidade mais rica da Alemanha e conhecida por ser a sede da Volkswagen.

Com 28 partidas disputadas pelo clube na temporada, Victor afirmou que já está acostumado com o rigor e os cuidados desta nova era pós-pandemia. "Em um dos nossos jogos, nós fizemos um gol e nosso time quase não comemorou. Querendo ou não, já estamos fazendo as coisas no automático. A recomendação é não ter abraços, então a gente respeita", afirmou.

O atacante nascido em São José dos Campos (SP) contou que antes do reinício da competição, todos os colegas de time ficaram fechados em um hotel por duas semanas. Os jogadores e familiares foram testados para conferir se havia casos de contaminação pelo novo coronavírus. A rotina de checagem continua até hoje e sempre na véspera de cada partida, o elenco precisa realizar uma nova bateria de checagem.

O ritual nos dias que antecedem as partidas também mudou bastante para o Wolfsburg. Em partidas fora de casa, a equipe viaja em uma avião fretado, com os jogadores de máscara e distribuídos dentro do espaço para não ficarem muito perto um do outro. Ao chegarem ao hotel usado como concentração, os cuidados continuam. "Geralmente é um hotel com um andar só para nossa delegação. Até a entrada nossa no hotel é diferente. Quando a gente chega, nós temos um cardápio com uma lista do que escolher para comer", afirmou.

A oferta de um cardápio em vez do tradicional bufê é uma forma de evitar a contaminação. Na hora das refeições, cada jogador tem um local determinado e encontra já o prato montado, com o pedido escolhido previamente seja para o café da manhã ou para o jantar. Geralmente as mesas são grandes e apesar de comportarem até mais pessoas, só três atletas se acomodam por vez, para respeitar o distanciamento.

Quando chega a hora de ir ao estádio, a delegação do Wolfsburg cumpre mais uma série de requisitos. "Vamos aos jogos com dois ônibus: um para os jogadores e outro para a comissão. Os vestiários são diferentes para titulares e reservas, para evitar de ficar perto. Quem fica no banco, tem de usar máscara. A organização do campeonato nos cobra bastante para que a gente obedeça", explicou.

Depois das partidas, o vestiário é preparado para que os jogadores mantenham o distanciamento. O clube exige que os jogadores tomem banho com chuveiros distantes um do outro. "Os locais em geral são espaçosos. Então a gente faz assim: uma ducha é usada e a outra, ao lado, não é usada. Por ser alternado, dá para o time cumprir esse cuidado de segurança e depois ir embora", contou Victor Sá.

Neste sábado o Wolfsburg recebe o Freiburg novamente com todos esses cuidados para evitar a contaminação e com Victor Sá em campo. O brasileiro garante que mesmo com tantos procedimentos diferentes, poder jogar de volta é um alívio para quem passou semanas confinado em casa. "Quando se falou que ia ter campeonato, eu fiquei desconfiado. Mas depois que vimos os cuidados, o protocolo e a segurança, todos entenderam a seriedade e hoje jogamos com tranquilidade", afirmou.

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