A guerra na Europa chegou nesta terça-feira, 21, mais perto do Báltico. A Rússia ameaçou a Lituânia, que proibiu a passagem de mercadorias por via férrea entre Moscou e o exclave de Kaliningrado, uma nesga de território russo cercado por lituanos e poloneses.
O isolamento de Kaliningrado seria uma escalada importante do conflito. O governo russo classificou a decisão da Lituânia como "hostil". O chefe do Conselho de Segurança do Kremlin, Nikolai Patrushev, prometeu uma resposta que teria "um impacto negativo significativo" no povo lituano.
"A Rússia responderá a essas ações", disse Patrushev. "Medidas apropriadas serão tomadas em um futuro próximo. Suas consequências terão um sério impacto negativo na população da Lituânia."
<b>Chancelaria</b>
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou o embaixador da União Europeia em Moscou, Markus Ederer, e exigiu a retomada imediata das operações, caso contrário serão tomadas "medidas de retaliação".
O impasse cria uma nova fonte de tensões no Mar Báltico, região onde já há um acirramento em razão da aproximação de Suécia e Finlândia com a Otan. Com uma população de 430 mil habitantes, Kaliningrado fez parte da Prússia – era chamada Königsberg até ser conquistada pela União Soviética em 1945. Com a independência dos Estados bálticos da URSS, em 1991, o território foi isolado do restante da Rússia, mas foi mantido como área estratégica.
De acordo com Jonas Kjellen, analista da FOI, agência de pesquisa de defesa da Suécia, Kaliningrado é uma "zona-tampão natural", a primeira linha de defesa para a Rússia a partir do Ocidente. A região possui sistemas de radar que fornecem vigilância aérea da Europa central.
De acordo com Michael Kofman, diretor do CNA, centro de estudos dos EUA, Kaliningrado é a parte da Rússia mais vigiada por espiões ocidentais e é o ponto de apoio naval russo no Báltico. "Se um incidente acontecer (entre Otan e Rússia), provavelmente seria no Mar Báltico", disse Kjellen.
<b>Sanções</b>
A operadora ferroviária da Lituânia, LTG, anunciou na sexta-feira que não permitiria mais que mercadorias russas sob sanções da UE, incluindo carvão, metais e materiais de construção, transitassem pelo país – o que afetaria metade das importações de Kaliningrado, segundo o governador da região, Anton Alikhanov.
Descrevendo a situação como "desagradável, mas superável", Alikhanov anunciou que as mercadorias que não podiam mais ser transportadas por ferrovia chegariam por mar. Ele acusou a Lituânia de estabelecer um "bloqueio" ao território.
A UE nega que haja um bloqueio e enfatiza que são apenas as sanções entrando em vigor. O governo lituano lembrou que "o trânsito de passageiros e de mercadorias não incluídas nas sanções continua liberado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>