Autoridades instaladas pela Rússia na Península da Crimeia informaram neste domingo, 09, que derrubaram um míssil de cruzeiro perto da cidade de Kerch e suspenderam brevemente o tráfego na ponte de Kerch, que liga o território anexado à Rússia.
O governador da Crimeia nomeado por Moscou, Sergei Aksyonov, disse que a interceptação do míssil pelas defesas aéreas russas não resultou em danos ou baixas. Ele não deu detalhes, incluindo o tipo de míssil e sua origem.
Na vizinha região russa de Rostov, as autoridades também relataram no domingo que derrubaram um míssil. O governador Vasily Golubev disse que o míssil era ucraniano e seus destroços danificaram os telhados de vários edifícios. Nenhuma vítima foi relatada.
Tais ataques muito além da linha de frente, nas regiões russas na fronteira com a Ucrânia ou na Península da Crimeia anexada, tornaram-se comuns durante a guerra na Ucrânia, que acaba de ultrapassar a marca de 500 dias.
Funcionários do governo em regiões russas e autoridades nomeadas por Moscou na Crimeia, que foi anexada ilegalmente em 2014, relatam regularmente explosões, ataques de drones e até ataques de sabotadores ucranianos além da fronteira. Kiev nunca assumiu abertamente a responsabilidade por esses ataques.
Em outubro passado, uma grande explosão danificou gravemente a ponte de Kerch, uma importante rota de transporte e abastecimento para as tropas russas na Crimeia, deixando-a fora de serviço por semanas. No que parecia ser a primeira admissão direta do envolvimento de Kiev, a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, em um post no Telegram no sábado, 08, listou o ataque entre as principais conquistas do país na guerra até agora.
"(Faz) 273 dias desde que (nós) realizamos o primeiro ataque na ponte da Criméia para interromper a logística para os russos", escreveu Maliar.
Entre outros sucessos, ela mencionou o naufrágio do cruzador Moskva, algo que as autoridades russas se recusaram a atribuir a um ataque ucraniano.
A postagem de Maliar chamou a atenção da mídia e autoridades estatais russas. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, mais uma vez chamou o governo do presidente Volodymyr Zelensky de "regime terrorista", em uma declaração online condenando o ataque.
<b>Retorno</b>
Um dos comandantes da defesa da usina siderúrgica Azovstal em Mariupol, que retornou à Ucrânia no sábado, anunciou que voltará ao campo de batalha. A siderúrgica foi o último bastião da resistência quando as forças russas assumiram o controle da cidade portuária no início da guerra. Os mais de 2.000 defensores de Azovstal deixaram a siderúrgica em meados de maio de 2022 e foram levados para o cativeiro russo.
Os cinco líderes, alguns dos quais faziam parte do regimento da guarda nacional de Azov, que a Rússia denuncia como neonazista, foram libertados em uma troca de prisioneiros em setembro e levados para a Turquia, onde permaneceriam até o fim da guerra sob a proteção do presidente turco. No sábado, porém, Zelensky os levou de volta à Ucrânia. Não houve explicação oficial imediata de como isso se encaixava nas condições da troca.
Falando a repórteres na Ucrânia ao retornar, Denys Prokopenko – um dos cinco comandantes – disse que retornará ao campo de batalha. "Estou profundamente convencido de que o exército é um esforço de equipe. E a partir de hoje continuaremos na luta junto com você. Nós definitivamente teremos nossa participação na batalha", disse Prokopenko, segundo a mídia ucraniana.
O número de mortos no ataque com mísseis russos a Lyman, uma cidade na região parcialmente ocupada de Donetsk atingida no sábado, subiu para nove no domingo. Lyman está a poucos quilômetros da linha de frente, onde as tropas russas intensificaram recentemente os combates nas florestas de Kreminna.
Fonte: Associated Press