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Rússia envia navios de guerra para o Mar Negro em meio à escalada na Ucrânia

A Rússia está enviando seis navios de guerra para o Mar Negro para exercícios navais, segundo informou a agência de notícias Interfax citando o Ministério da Defesa da Rússia. A pasta disse que este é um movimento pré-planejado de recursos militares, no entanto, analistas temem que os exercícios podem ser um pretexto para invadir a Ucrânia.

A Rússia anunciou no mês passado que sua marinha realizaria um amplo conjunto de exercícios envolvendo todas as suas frotas em janeiro e fevereiro, do Pacífico ao Atlântico, na mais recente demonstração de força em uma onda de atividade militar durante um impasse com o Ocidente sobre a Ucrânia.

Os seis navios devem passar pelo estreito da Turquia até o Mar Negro na terça e quarta-feira, disseram fontes turcas. Os navios incluem o Korolev, o Minsk e o Kaliningrado, que devem navegar pelo Bósforo na terça-feira – um já foi visto passando pelo estreito -, enquanto o Piotr Morgunov, o Georgi Pobedonosets e o Olenegorski Gorniak devem passar na quarta-feira.

Analistas militares dizem que a combinação dos navios com as forças já enviadas para a região do Mar Negro forneceria uma capacidade significativa de ameaçar uma grande área da costa da Ucrânia, que possui apenas um sistema de defesa costeiro limitado.

<b>Acúmulo de forças perto da Ucrânia</b>

Os anúncios provocam temores de que os exercícios seriam um pretexto para um ataque contra a Ucrânia, que as forças russas invadiram em 2014, anexando a Crimeia, cuja costa é voltada para o Mar Negro.

Os exercícios de agora se somam ao movimento de envio de tropas para Belarus, a milhares de quilômetros de suas bases permanentes, que foi visto como uma ameaça contra Kiev, que fica a cerca de 220 quilômetros da fronteira com Belarus.

Em resposta às tropas russas em Belarus, a Ucrânia planeja realizar exercícios militares em larga escala entre 10 e 20 de fevereiro, com drones de combate comprados da Turquia e mísseis antitanque fornecidos por Washington e Londres.

Os Estados Unidos, a Alemanha e o Reino Unido também enviaram reforços militares para a Europa. Um primeiro destacamento de cerca de 100 soldados americanos chegou nesta terça-feira à Romênia.

No sábado, outros soldados americanos já haviam chegado à Polônia, país que abrigará um total de 1.700 deles. A Romênia, membro da Otan desde 2004, abriga 900 soldados americanos, 140 italianos e 250 poloneses em seu território.

A Rússia já acumulou mais de 100.000 soldados perto da fronteira com a Ucrânia. O país nega qualquer plano de invasão, mas busca garantias de segurança abrangentes, incluindo a promessa de não instalar mísseis perto de suas fronteiras, reduzir a infraestrutura militar da Otan e proibir a Ucrânia de ingressar na aliança.

Legalmente, a Turquia, membro da Otan, poderia fechar o estreito ao trânsito se a Rússia tomasse uma ação militar contra a Ucrânia.

"A Turquia está autorizada a fechar o estreito para todos os navios de guerra estrangeiros em tempo de guerra ou quando estiver ameaçada de agressão. Além disso, está autorizada a recusar o trânsito de navios mercantes pertencentes a países em guerra com a Turquia", disse Yoruk Isik, analista geopolítico baseado em Istambul.

A Turquia, que compartilha uma fronteira marítima com a Ucrânia e a Rússia no Mar Negro, disse que qualquer conflito militar seria inaceitável e disse a Moscou que qualquer invasão seria imprudente.

No entanto, o presidente Tayyip Erdogan também se ofereceu para mediar a disputa entre Moscou e Kiev. Ancara tem relações cordiais com os dois países, embora Erdogan diga que fará o que for necessário como membro da Otan no caso de uma invasão russa.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse após conversas no Kremlin nesta segunda-feira, 7, com o russo Vladimir Putin que os próximos dias serão cruciais no impasse sobre a Ucrânia. Putin sugeriu que algum progresso foi feito nas negociações.

Falando a repórteres no avião para Kiev, Macron disse que Putin confirmou que retiraria tropas de Belarus após os exercícios, que estão programados para terminar em 20 de fevereiro, segundo o Ministério da Defesa russo. Peskov disse que Putin não deu uma data para sua retirada, mas acrescentou: "Ninguém jamais disse que as tropas russas permaneceriam em Belarus. Isso nunca esteve na agenda." (Com agências internacionais)

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