O presidente da Rússia, Vladimir Putin, parabenizou suas tropas pelo que chamou de libertação de Luhansk nesta segunda-feira, 4, depois que as forças ucranianas se retiraram da cidade de Lisichansk, seu último reduto na região leste. Agora o país volta o foco para Donetsk, o outro território separatista na região do Donbas e um ponto estratégico para ampliar o controle russo sobre a costa da Ucrânia.
O governador de Luhansk, Serhi Haidai, disse à agência <i>Reuters</i> que espera que a Rússia alveje Sloviansk e Bakhmut em particular, já que o Kremlin busca assumir o controle da maior área de Donbas, que inclui Luhansk e Donetsk, na última fase de sua invasão. Enquanto Haidai disse que as forças ucranianas ainda controlavam uma "pequena parte" de Luhansk, a perda da cidade de Lisichansk significa que Moscou conquistou praticamente toda a região.
Em uma reunião televisionada com o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, Putin disse que as forças russas "obtiveram o sucesso" em Luhansk. Ele acrescentou que as tropas que lutaram lá devem descansar, enquanto outras unidades devem continuar lutando.
Já o presidente ucraniano, Volodmir Zelensky, permaneceu desafiador após a perda de Lisichansk, dizendo: "a Ucrânia não desiste de nada". Ele disse que o país manterá sua luta e retomará Lisichansk, prometendo: "Nós retornaremos, graças às nossas táticas, graças ao aumento no fornecimento de armas modernas".
<b>Foco da campanha</b>
A queda de Lisichansk e Severodonetsk após semanas de combates dá à Rússia controle total sobre Luhansk, parte da região de Donbas rica em minerais, que tem sido o foco da campanha militar russa após sua derrota em torno de Kiev, a capital, no início da invasão.
Em uma indicação precoce da violência que provavelmente atingirá Donetsk nas próximas semanas, as forças russas mataram nove civis na província nas últimas 24 horas, disse o chefe da administração militar regional, Pavlo Kirilenko, em um post no Telegram.
As forças russas aumentaram o bombardeio de centros populacionais ao longo das linhas de frente nos últimos dias. Controlar Lisichansk e sua cidade irmã de Severodonetsk, que caiu em 24 de junho, dá a eles uma base para se reagrupar e montar ofensivas em cidades a sudoeste, principalmente Sloviansk, Kramatorsk e Bakhmut, uma cidade industrial que era um centro de abastecimento para as forças ucranianas que transportam equipamentos e pessoal a nordeste.
No domingo, pelo menos seis pessoas foram mortas em Sloviansk e mais de uma dúzia ficaram feridas por foguetes russos, disseram autoridades ucranianas. Em um post no Facebook, Vadim Liakh, prefeito de Sloviansk, disse que foi o bombardeio mais severo da cidade desde a invasão russa em 24 de fevereiro.
A Rússia despachou milhares de soldados adicionais para o leste da Ucrânia nas últimas semanas para reforçar sua ofensiva na província de Donetsk, onde mais uma vez provavelmente tentará sobrecarregar posições ucranianas fortemente fortificadas com seu grande arsenal de artilharia, mísseis e poder aéreo, mesmo que seu terreno forças são diminuídas.
Separatistas apoiados pela Rússia tomaram o controle de partes de Luhansk e Donetsk em 2014, e Putin inicialmente justificou a invasão russa como uma tentativa de preservar a independência dos dois territórios separatistas.
<b> Plano Marshall para a Ucrânia</b>
Enquanto isso, dezenas de líderes de governos, organizações internacionais de desenvolvimento e empresas se reúnem na cidade suíça de Lugano para discutir a reconstrução do país e prometer apoio financeiro para o esforço. Zelensky participou da reunião por videoconferência, mas já havia alertado que a tarefa de reconstrução seria "realmente colossal". Ele já havia falado de um preço total superior a US$ 500 bilhões. "A reconstrução da Ucrânia é a tarefa comum de todo o mundo democrático e a maior contribuição à paz mundial", disse.
O presidente ucraniano enviou seu primeiro-ministro, Denis Shmihal, e outros membros de seu gabinete a Lugano para dois dias de conversas. Shmihal disse que o custo do plano de recuperação é estimado em US$ 750 bilhões e insistiu que uma importante fonte de financiamento "deve ser os ativos confiscados da Rússia e dos oligarcas russos". Ele citou estimativas não especificadas de que tais somas totalizam US$ 300 bilhões a US$ 500 bilhões agora.
Entre os presentes na reunião estão a presidente do braço executivo da União Europeia, Ursula van der Leyen, o primeiro-ministro checo, Petr Fiala, e a secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, além de altos funcionários da Europa, América do Norte e Ásia e representantes de importantes instituições financeiras. (Com agências internacionais).