A descoberta de valas comuns em Ruanda – que podem conter mais de 2 mil corpos – aconteceu poucos dias depois de o país completar 24 anos desde o início dos assassinatos em massa cometidos por extremistas hutus contra tutsis e hutus moderados (7 de abril de 1994). “É muito preocupante que de vez em quando valas comuns sejam descobertas, cujos perpetradores, agora livres, nunca se importaram em revelar às famílias em luto”, disse o editorial do jornal ruandense “The New Times”.
Autoridades ruandenses descobriram neste mês as valas comuns que podem conter milhares de corpos. A descoberta neste mês é significativa para Ruanda, que ainda se recupera do massacre de 1994, que deixou mais de 800 mil mortos em cerca de cem dias.
Estima-se que entre 2 mil e 3 mil pessoas estejam enterradas nas valas. O cálculo é feito com base no número de moradores da área que desapareceram durante o genocídio, explicou Rashid Rwigamba, funcionário da ONG Ibuka, que ampara famílias das vítimas de 1994.
A informação que levou à descoberta veio do dono de um terreno que inicialmente se recusou a responder perguntas sobre as supostas valas comuns até ser ameaçado de prisão, afirmou Rwigamba. Ele contou que casas e banheiros construídos em cima dos túmulos foram demolidos para permitir a busca.
“A investigação está em andamento e identificamos outra casa que suspeitamos ter sido construída num terreno onde vítimas foram enterradas”, afirmou. Segundo ele, foram encontrados até corpos de bebês. Até o momento, pelo menos 207 corpos foram exumados de uma vala e 156 de outra, segundo outro funcionário da Ibuka, Theogen Kabagambire.
Ainda não foi definido o que será feito com os corpos ou com o local das escavações. Moradores da região disseram que um bloqueio rodoviário foi montado a poucos metros das valas. As autoridades iniciaram investigações e, segundo Kabagambire, as pessoas que participaram dos assassinatos serão processadas. Fonte: Associated Press.