Futuro chefe da Casa Civil e governador da Bahia, Rui Costa (PT) afirmou nesta terça-feira, 13, que o gabinete de transição tentará antecipar a liberação de uma das residências oficiais do governo para prepará-la minimamente e, então, permitir que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tenha uma moradia em Brasília que possa ser ocupada pela família dele já no início do mandato.
Em entrevista à <i>GloboNews</i>, Costa disse que a "tradição" manda se oferecer ainda durante a transição uma residência para o presidente eleito, o que não ocorreu; quando está em Brasília, Lula tem se hospedado em um hotel. Segundo o futuro chefe da Casa Civil, Lula corre o risco de, em pleno início de mandato, demorar para poder ocupar uma das moradias oficiais. "O mínimo que se tem de fazer por qualquer um que compra um apartamento é higienizar, fazer a pintura, a arrumação. Gastam-se alguns dias", disse. "Talvez, seja a primeira vez na história do Brasil que isso aconteça", disse, referindo-se ao fato de que nenhum imóvel oficial foi liberado até o momento.
Caso o imóvel não seja liberado a tempo da posse, Lula terá de conviver por alguns dias de forma improvisada fora de uma das residências oficiais porque "não lhe foi dada essa oportunidade". A reportagem entrou em contato com o Planalto, mas o órgão não se posicionou até a publicação desta matéria
Nesta terça-feira, 13, Rui Costa teve um encontro com o atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP) para discutir a transição entre as gestões. Essa é a primeira vez em que os dois se reúnem após a confirmação, na última sexta-feira, do nome do governador baiano para assumir a chefia da pasta no governo Lula.
Segundo o petista, o encontro ocorreu em "clima de tranquilidade". "A reunião foi bastante positiva e ocorreu em clima de tranquilidade. Uma transição de governo tranquila mostra maturidade de quem está saindo, e de quem chega para a nova gestão", disse o petista em nota enviada à imprensa. O governador da Bahia ressaltou que ele e Nogueira estão comprometidos com o respeito à institucionalidade.
<b>Vandalismo durante cerimônia de diplomação</b>
O futuro chefe da Casa Civil afirmou que se até o dia 31 as providências contra os extremistas que fizeram atos de vandalismo no dia da cerimônia de diplomação do presidente eleito Lula não forem tomadas, medidas serão adotadas a partir do dia 1º, quando o petista tomar posse.
Costa defendeu a apuração e o devido processo legal. Ainda na entrevista à <i>GloboNews</i>, Costa disse que os manifestantes radicais caminhavam em direção ao hotel onde está hospedado Lula. "Deu para ver nitidamente. Aquele hotel permite uma visão de ruas diferentes. O objetivo era chegar o mais próximo possível do hotel", afirmou.
O governador baiano ainda defendeu que "a grande missão" do futuro governo será pacificar o País e fazê-lo se unir novamente. "Podemos ter diferentes opiniões sobre religião, futebol, tudo, mas não podem chegar às vias de fato e ameaçar as instituições brasileiras."
O tumulto desta segunda-feira, 12, foi iniciado depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a prisão do indígena José Acácio Serere Xavante, apoiador do presidente Jair Bolsonaro. A prisão foi decretada a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) por indícios de crimes de ameaça, perseguição e manifestações antidemocráticas em vários pontos de Brasília. Os manifestantes ainda tentaram invadir a sede da Polícia Federal (PF).
<b>Próximos nomes ministeriais</b>
Sobre os anúncios dos novos nomes do terceiro governo Lula, Rui Costa declarou que o presidente eleito não fará um atrelamento das nomeações do governo ao calendário de votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, aprovada pelo Senado e que será votada pela Câmara. "O presidente Lula está fazendo todas as conversas pessoalmente com os partidos e lideranças e está a seu tempo tomando as decisões sobre os nomes que irão compor o governo. Não fará esse atrelamento vinculado a um calendário de votação da PEC", declarou.
Costa afirmou também ter confiança de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e os deputados "deixarão sua contribuição para o País" ao aprovar a PEC da Transição. "Quase a totalidade desses recursos é para aplicar para as pessoas que estão com fome e garantir o funcionamento mínimo do Estado brasileiro em 2023", ressaltou.