A Rumo aposta nos investimentos em tecnologia para elevar ainda mais a capacidade da Malha Paulista, importante trecho de escoamento da produção do País para o porto de Santos. O projeto, com a renovação antecipada assinada pelo governo nesta quarta, 27, e publicada nesta quinta-feira, 28, no Diário Oficial da União (DOU), é sair dos 35 milhões de toneladas de capacidade para 75 milhões por ano. Com ajustes tecnológicos, o presidente da Rumo, João Alberto Fernandez de Abreu, apontou que o trecho conseguiria chegar, com tranquilidade, nas 100 milhões de toneladas.
"Essa conta de volume não é só ligada aos investimentos. Ela está muito relacionada também ao seu nível de eficiência", disse. Ele destacou que nos próximos 10 anos o nível de eficiência da ferrovia vai ser muito maior, sobretudo por causa das melhorias tecnológicas. Segundo o executivo, hoje a empresa opera no trecho entre Mato Grosso e São Paulo com 200 locomotivas. Desse total, 120 usam um sistema que otimiza a pilotagem. Com isso, elas circulam praticamente de forma autônoma e aprendem a cada viagem.
"Esse processo vai fazer a gente diminuir o ciclo. Hoje, você demora em média oito dias para sair de Rondonópolis, descer até Santos, descarregar, voltar para Rondonópolis e carregar de novo. Se você fizer isso em quatro dias, você vai ter o dobro de volume, mas com a mesma capacidade", disse. Com ganhos de tecnologia como esse, o executivo destacou que seria totalmente factível as operações na Malha Paulista chegarem a 100 milhões de toneladas por ano. O número é citado com frequência pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, ao comentar as vantagens da renovação antecipada da ferrovia.
Outro ponto bastante observado pelo mercado é operação na Malha Norte, importante trecho de escoamento da safra do Mato Grosso, principal produtor de grãos do País. Segundo o executivo, hoje a linha desce com 15 milhões de toneladas por ano, embora ela suporte tranquilamente 30 milhões. A capacidade dessa linha, entretanto, seria praticamente infinita, argumentou. "Em algum momento vou ter mais capacidade de via do que o mercado precisa. O que vai regular é a capacidade material rodante. Se o porto for mais eficiente, ao invés de eu passar um trem a cada meia hora, eu passo a cada 20 minutos", disse.
A empresa quer elevar ainda mais a representatividade dessa linha ao ampliar a capacidade do terminal de Rondonópolis. Hoje, a movimentação média do terminal é de 19 milhões de toneladas por ano. Com as obras de ampliação, a estrutura terá capacidade para 25 milhões de toneladas de milho, soja e farelo, com a adição de uma terceira linha. A empresa acrescentou ao <b>Broadcast</b> que o início das operações com a nova estrutura será no dia 15 de junho.
Outro projeto que engloba a Malha Norte é a ampliação do trecho de Rondonópolis para até Lucas do Rio Verde. "Já estamos com licenciamento ambiental. Nossa prioridade hoje é colocar de pé esse projeto, que é nosso grande objetivo, de chegar ao norte do Mato Grosso", disse.
Hoje, o gargalo do setor é a Malha Paulista, que atende demanda forte não apenas do escoamento da produção do Mato Grosso, mas também de Goiás, além de outros produtos para além de grãos até o porto de Santos. "A Malha Paulista foi concebida um século atrás. A malha obviamente vai deixar de ser gargalo nesse sistema. Ela vai ter muito mais capacidade do que o mercado demanda hoje, está pensada para o que o Brasil vai produzir daqui anos", destacou. Conforme antecipou o <b>Broadcast</b>, o agronegócio aguarda forte aumento de movimentação de grãos, principalmente vindo de Mato Grosso, por ferrovia com as obras previstas para a Malha Paulista.
A empresa está avançando nos investimentos da Malha Paulista. Segundo o executivo, já em 2021 eles conseguirão entregar mais capacidade na esteira dos novos aportes. O executivo não quis precisar números, mas lembrou que em abril a empresa cresceu seus volumes em 17% na comparação anual. Na Malha Norte, o crescimento foi de 23%. A tendência para maio, segundo ele, nãos será diferente. "Posso dizer que maio vai ser melhor que abril em termos de volume. Nosso objetivo é sempre crescer próximo a dois dígitos todo ano", destacou.
Segundo Guilherme Penin, diretor regulatório institucional da Rumo, dos R$ 6 bilhões de investimentos que a empresa se comprometeu a fazer na Malha Paulista a partir da renovação da concessão, há uma concentração de recursos no início do contrato, justamente para turbinar a capacidade da ferrovia. "Os essenciais para promover o aumento de capacidade de 35 para 75 milhões de toneladas por ano", disse. De acordo com ele, esses investimentos se referem a duplicação integral da ferrovia entre Campinas e Itirapina, a extensão dos pátios ferroviários para acomodar um trem de 120 vagões, a construção de pátios novos e a modernização da via para suportar 32,5 toneladas por eixo. "Tudo concentrado nos seis primeiros anos, para gerar esse aumento expressivamente de capacidade", disse.